6:35Salve-se quem puder

por Bernardo Mello Franco

Ao tomar posse como presidente interino, Michel Temer anunciou um governo de “salvação nacional”. Sete meses depois, sua administração parece reduzida a um “salve-se quem puder”. O peemedebista chega ao fim do ano com a popularidade na lona e o pescoço ameaçado pelas delações da Odebrecht.

No fim de semana, Temer recebeu a sugestão de demitir todos os auxiliares citados pelo lobista Cláudio Melo Filho. A ideia esbarrou num problema: a cabeça seguinte seria a do próprio presidente, acusado de pedir R$ 10 milhões à empreiteira. Segundo o delator, parte do dinheiro foi entregue em espécie no escritório do primeiro-amigo José Yunes.

Quando a história veio à tona, Temer disse, em nota, que “repudia com veemência as falsas acusações”. Como a negativa não foi suficiente para estancar a crise, ele decidiu trocar a defesa pelo ataque. Passou a reclamar da divulgação de informações, um expediente muito usado pelo governo deposto em maio.

Em carta aberta ao procurador-geral da República, o presidente alegou que as iniciativas do governo “vêm sofrendo interferência pela ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas”. Isso equivale a repetir o discurso petista de que o noticiário da Lava Jato atrapalha o país.

Em tom professoral, Temer disse que “o fracionado ou porventura lento desenrolar de referidos procedimentos pré-processuais, a supostamente envolver múltiplos agentes políticos, funciona como elemento perturbador de uma série de áreas de interesse da União”. Na verdade, as delações perturbam os políticos delatados, que o governo de “salvação nacional” tenta proteger.

A carta termina com uma contradição. O presidente defende “celeridade na conclusão das investigações”, mas pede que nada seja revelado enquanto não for “completado e homologado o procedimento da delação”, o que não acontecerá tão cedo. Nos sonhos do Planalto, tudo ficaria na gaveta até o fim de 2018.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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Uma ideia sobre “Salve-se quem puder

  1. Nosferatu

    Caro Papai Noel, nos traga o presidente novo, um cara que não adore empregar só os amigos, mas que adore se cercar de gente competente, honesta, sim Papai Noel, existe gente honesta em Pindorama. Gente que livre de suspeitas de corrupção, probas, íntegras e capazes, que tenham um compromisso com o povo brasileiro, e só com o povo brasileiro. Sei que a encomenda veio meio tarde mas, caro Papai Noel, faça uma forcinha, somos mais de duzentos milhões de almas, todas pedindo pelo amor do Menino Jesus, tenham pena de nós, não merecemos tanta incompetência assim.

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