9:02O país que precisa de heróis

Se Bertoldo Brecha, personagem vivido por Mário Tupinambá na Escolinha do Professor Raimundo, fosse vivo, diria: “Veeeeeeeeeenha!”. Pois aí vai: nunca antes na história do Bananão foi tão perfeita a frase imortal de Bertold Brecht, o dramaturgo e poeta alemão, sobre a infelicidade de uma nação que precisa de heróis. O da vez, no sul do mundo, é o juiz Sergio Moro, coadjuvado pelos procuradores federais da Lava Jato. Estão fazendo a obrigação, mas no país da esbórnia, onde o Senado Federal foi classificado pelo próprio presidente da mais alta instância do Legislativo de hospício, ele que é um escroque, a ninguenzada, mais apalermada do que nunca, acha que a prisão de meia dúzia de bandidos do andar de cima vai adiantar alguma coisa. Como torcidas de times de futebol, torce-se pela prisão de Lula, como se isso tivesse o poder de limpar a sujeira da alma de todos os senhores responsáveis pela situação calamitosa iniciada com a ocupação da terra dos indígenas a partir de 1500 – e dá-lhe roubo e massacre de todas as formas. O elástico da história deste país sempre esteve esticado ao máximo, mas parece que nos últimos tempos a coisa ficou esgarçada e ninguém sabe o que vai acontecer com a iminência do rompimento. A melhor coisa que Moro e sua banda de jovens fizeram foi mostrar a quem sempre esteve anestesiado pela ignorância que, sim, é verdade que as quadrilhas que chegam ao poder servem aos donos do dinheiro e todos chafurdam, com o maior prazer, no resultado do trabalho de toda uma nação. Já é muita coisa, mas não há milagre. Se os que foram expostos com prisões (repararam que não sentem vergonha de serem escoltados com as mãozinhas pra trás), desde o Mensalão, gravitam em torno do PT, é uma consequência do abuso de quem vendeu o peixe da honestidade e ao “chegar lá” se deslumbrou. Os do outro lado são iguais, mas mais discretos porque treinaram enfiando a mão no jarro de gargalo estreito, na escola que pertencem e que classificam como “direita”. Qual a diferença entre um ladrão de esquerda e um de direita? Talvez as roupas e o perfume que usam. Agora mesmo vemos o espetáculo dos congressistas, os que foram eleitos pelo povo como seus representantes, querendo passar uma borracha na história podre deles mesmos. Não é edificante! Fazem um esforço para ajudar a iniciar a caminhada rumo ao destino reservado a este país, onde não há terremotos, furacões, as praias são lindas como as mulheres – e a massa ignara é cada vez mais lobotomizada por um sistema de educação que apresenta, para quem tem diploma universitário, vagas de faxineiro, mesmo porque 30% dos que saem das faculdade caça-niqueis são analfabetos funcionais. No passado não muito distante, quando este gigante chamado Brasil ainda não tinha caído na cabeça de todos, alguns “pessimistas” diziam, na simplicidade do linguajar, que, com todo respeito, “essa merda não tem jeito”. Alguém aí acha que tem? “Todo otimista é um mal informado”, disse um dia o saudoso Paulo Francis. Quem torce o nariz para isso acha que Sergio Moro e os jovens procuradores de Curitiba vão passar o país a limpo.

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Uma ideia sobre “O país que precisa de heróis

  1. Alexandre rodrigues

    Sempre haverá o canto da sereia,o deslumbramento tipico do humano.Não se faz um Pais que a cada década é feito dele escombros para depois de novo alguém tentar reconstrui-lo.
    Eu sempre penso o seguinte,a corrupção é endêmica no mundo,mais acentuada em algum hemisfério,mas ela está enraizada em tudo,.
    Tambem sempre penso que a propaganda é o arauto dos malfeitores,tenha um veiculo escrito ou falado nas mãos de um bandido e esse veiculo pode fazer dele um grande politico,milionário e agregador de multidões.
    Serve também para satanizar os bons,ou os mais ao menos,até por que um pirulito sendo bem propagado se torna um roubo bem maior de bilhões sem o interesse de ser noticiado.
    Não adianta,o mundo é assim,ficamos diariamente se esgoelando para o vento,os pensadores sofrem,eles enxergam bem mais que os comuns,por isso vivem lutando contra moinhos de vento sem vencer uma guerra sequer.
    Enquanto nos indignamos,vamos escrevendo até para que o figado desopile.

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