Rogério Distéfano

É O VICE, É O VICE, IDIOTA! Não se ofendam, só adapto para a eleição de Curitiba o mote da campanha presidencial de Bill Clinton, nos EUA: ‘It’s the economy, stupid!’. Depois que Gustavo Fruet perdeu a prefeitura – ou deixou de conservá-la – entreguei os pontos, perdi o interesse nos candidatos. Pelos termos dos debates e da campanha, só falta disputa de cuspe e de tamanho de bilau, o resto fizeram e nos chocaram. Mas um deles será fatalmente eleito, e o ‘fatal’ raras vezes foi tão apropriado numa frase. Então, como decidir?

Pelo vice, ora. Depois de longa obscuridade o vice passou a ser importante em nossa república. Sim, teve Floriano Peixoto, mas aquilo não era vice, era o presidente que deixaram na vice. Teve Itamar Franco, mas este ganhou a presidência por WO, a desistência do titular. Daí veio Michel Temer, aquele jeito de quem se faz de milho para comer o cavalo, de morto para ferrar o coveiro, e aplicou o golpe contra Dilma. Vice importa, e muito. Na eleição de Curitiba, então, nem se fala. Os fatos dão apoio ao que digo. Não só os fatos, como gente da política.

Dessa gente invoco primeiro Gustavo Fruet, que não entendeu a importância do vice. Primeiro escolheu Mirian Gonçalves, com quem não combinou que deixasse a advocacia antes de vir à prefeitura. Deu chabu. Depois não percebeu a joia, o novo vice, Paulo Salamuni, e deixou-o recluso no serralho, feito preciosa concubina. O ex-governador Paulo Pimentel abriu-me os olhos no jantar para 300 talheres que montou para cacifar ricos em favor de Greca. Disse que currículo importa e Greca tem mais currículo que Leprevost, que só foi deputado na vida.

Nesse momento fiz minha engenharia reversa, desmontei o mecanismo para remontá-lo. O vice de Greca é Eduardo Pimentel, objetivamente neto do anfitrião Paulo. Sua experiência executiva foi adquirida na empresa do avô, na associação de classe e algum tempo na Casa Civil. Para mim é pouco. Fixo-me na sua saúde e na sua  juventude, que, vistas pelo exato oposto de Greca – sejamos realistas – pode garantir-lhe, e logo, a sucessão municipal sem eleição. No me sirve, como diria o poeta Mário Benedetti.

E o vice de Ney Leprevost, você sabe quem é? Talvez nem o cabeça de chapa saiba, pois não deu pitaco na escolha. Então informo. É o médico oftalmologista João Guilherme Moraes, com experiência em dilatação de pupilas, prescrição de lentes, operação de estrabismo. Vice vem na caçamba do titular, eleito para substituir e suceder, como tem sido perigosamente frequente. Um médico oftalmologista com prefeito de Curitiba oferece perigo? Pode ser que não. Apenas lembro que o ditador da Síria, Bachar Assad, começou como oftalmologista.