13:32EMPATE TÉCNICO, BEIJO TÉCNICO

beijo

Rogério Distéfano

O IBOPE divulga o empate técnico entre os candidatos a prefeito de Curitiba. A pesquisadora me alcançou pelo telefone, se eu podia ‘estar respondendo’ sobre a cidade. Não respondi, não confio em gerundismo e consulta tanto quanto não confio em candidatos. Só tenho a dizer que o empate me põe fora da zona de conforto do voto nulo, terei que votar se não quiser que o mais ruim seja eleito – e não digo qual considero o mais ruim, não vale a pena. O que me traz hoje é o lance do ‘técnico’, que me atormenta desde os vinte anos.

Naquela época o empate se dava com Raquel B., linda, curvilínea, tão sensual quanto inteligente, mulher que nos levava a devaneios de sedução. Ela nos empatava no jogo pendular da aproximação e fuga, até o dia em que cansados, perguntamos se insistia em permanecer virgem. A resposta me desconcerta até hoje: “Quem disse? Eu sou tecnicamente virgem”. Depois veio o beijo técnico, aquilo chocho e seco, sem entusiasmo e sem saliva. Por isso considero ‘técnico’ o sujeito formado no Sesi, o eletricista, o encanador, o cara que conserta aquecedor de gás.

É o raio do ‘técnico’ que me leva à repulsa do empate técnico, na qual incluo os institutos de pesquisa. Que custa melhorar a metodologia e nos aproximar da certeza, ou tirar a dúvida dos cinco pontos acima, cinco pontos abaixo que nivelam o resultado? Três pontos acima com um candidato e três abaixo com outro nessa disputa de Curitiba não me deixam confortável, não quero estar na altura da boca de um nem da virilha de outro. Essa gente não é como Raquel B., ‘tecnicamente virgem’. E seus beijos usam técnica que não aprovo. 

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