Rogério Distéfano

Eleição em Curitiba

• Rafael Greca na Praça Rui Barbosa abraça, beija e abençoa mendigos, transmissão no horário eleitoral. Tem que passar no shopping Pátio Batel, onde os filmes têm cheiro.
• Propostas de Ney Leprevost para a cultura: Mobral para antas.
• Os dois candidatos estão quem nem aquela margarina, a Doriana: Leprevost e Greca são imitações de João Dória. Querem acabar com a Via Calma, que reduziu acidentes. João Dória prometeu acabar com o limite imposto por Fernando Haddad. Eleito, sofre pressões para não cumprir a promessa de campanha.
• Isso de político paranaense imitar político paulista até dá vergonha, gente que não saiu da Quinta Comarca, extinta em 1850. Lembro de um deputado que imitava o dono de seu partido, Guilherme Afif Domingos, tanto nos gestos como na fala. Não pegou nem afif.
• O ex-governador Paulo Pimentel fez jantar para 300 convidados, busca de apoios para a chapa Rafael Greca/Eduardo Pimentel. Contratou bufê para 600, os 300 convidados mais o cabeça de chapa, que come por 300.
• Com isso de Ney Leprevost subir nas pesquisas a gente até começa a ter peninha de Rafael Greca.
• Tão comportadinho e civilizado o segundo turno de Curitiba que o eleito pode convidar sem problema o derrotado para seu secretário de finanças.
• Leprevost prefeito, Ratinho governador, Beto e Fruet senadores. Mais na frente todos se agrupam. E nós aqui olhando o carrossel que dá voltas com eles, felizes, bem montados nos cavalinhos.

Redenção

O governador Beto Richa levou ao ministro da Educação as reivindicações dos alunos do Paraná – para tudo, desde a PEC dos gastos até a reformulação da quadratura do círculo. Antes tarde que nunca. A primeira vez na sua já longa carreira política que Beto trabalha pelas reivindicações do povo – ou até de seus eleitores, que decepciona com declarações de que não deixará a prefeitura no meio do mandato e outras que envolvem parentes distantes e assessores pecadores. Pode ser a redenção, se é que isso existe para político, se é que Beto ainda tem salvação. Vale o registro de que faz agora como governador o que devia sempre ter feito como deputado.

Bicicleta plúrima

SAGUÃO de aeroporto, espera interminável, surgem as confidências sem intimidade, garantidas pelo anonimato e pela inconsequência de quem não segue para o mesmo destino. Ela contava do fim do longo casamento, vinte anos, agora no divórcio por adultério plúrimo? Plúrimo, só ouvi plúrimo da boca de advogados trabalhistas, que inventam palavras novas para coisas antigas, caso do processo com vários clientes. Plúrimo? Sim, ela respondeu, ele tinha seis outras. E olhe que a gente não morava em cidade grande, onde dá para esconder essas coisas.

Seis, ao mesmo tempo, pergunto. Sim, ao mesmo tempo. Como dava conta? Dava e sobrava. Saía para o trabalho de bicicleta e parava na casa de cada uma, em sequência, que nem ônibus de linha, se atendia a todas em sequência não sei, mas quando chegava em casa me deixava descadeirada, sem fôlego. Um dia comprei bicicleta, também queria pedalar. Ele não deixou, dizia que era cansativo. Contratei detetive, descobri tudo. E agora, você está bem? Sabe que não, sinto falta da bicicleta – mesmo que plúrima -, ela suspirou.