10:51Música em 3 atos

por Yuri Vasconcelos Silva

Ato 3

Ouvindo a cena 3 do ato 3 de Tristão e Isolda (R. Wagner, 1865), agonia ao pensar no completo vazio em todas as formas de expressões artísticas atualmente. Um amigo me contou que esteve em um sessão de cinema há alguns dias, aqui em Curitiba, onde aconteceu uma performance que terminava com o sujeito de saia virando de costas, subindo a saia e abrindo suas nádegas desnudas à platéia, gritando com seu ânus palavras de ordem para todos. É o horror destes tempos. O horror.

Cena 3

Não sei nem discuto se arte deva ter um propósito. Mas acredito que, no mínimo, ela deva ser um alento para a alma. O que não pode ser dito, escrito ou explicado, fica por conta dela. É a gota que transborda os copos estufados de conhecimentos. Por que então pretendeu-se a arte ser banal, violenta, política? Mesquinharias do cotidiano que carregamos há muito tempo.

Mistério

E no final de tudo, o que é a beleza? O que faz um homem estremecer ao ver uma boca vermelha, achar a perfeição no mosaico de um girassol ou de um Van Gogh? Onde reside este estalo? No objeto, em mim ou no vácuo entre nós dois? Os deuses, matemáticos e artistas sabem como manipular estes segredos. Mas eles também não sabem a resposta.

*Yuri Vasconcelos Silva é arquiteto

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