6:55Sobre moradores de rua

por José Alberto Reimann

Falta de conhecimento do assunto leva a não enxergar e nem ouvir – e, assim, fala-se muita bobagem

1) SOS FAS, na Sociedade Socorro aos Necessitados, da Rua Conselheiro Laurindo.Houve uma notificação por parte da sociedade para reajustar a locação em R$ 50 mil ao mês. Isso foi em função do desejo deles em que a FAS saísse do prédio para negociar com os Irmãos Thá, fato esse que não aconteceu por motivos alheios.

2) Lá havia 500 vagas para moradores em risco, onde se misturavam menores, idosos, mulheres sob ameaça e LGBTS.

3) Na gestão passada, no ano de 2011, foram investidos cerca de 400 mil para reformas no prédio de modo atender as demandas, fato este que não atendeu as necessidades da época.

4) Um parênteses na explicação: idosos pensionistas da previdência que lá se albergavam eram muitas vezes ameaçados e achacados em vista de seus benefícios previdenciários, isso nas imediações da Sociedade Socorro aos Necessitados.

5) As brigas internas, pela quantidade de pessoas acima da capacidade em espaço insuficiente, trazia transtornos a todos, sejam albergados e funcionários, mesmo com a presença da Guarda Municipal.

6) Tudo isso levou a administração a avaliar o custo benefício da reforma de uma possível ampliação da área, adequação de espaços seguros aos frequentadores como também o custo do aluguel.

7) Diante disso tudo, o programa de assistência aos moradores de rua, e outros dependentes, de assistência social passou a ser reavaliado e executado da seguinte forma:
a) Foram distribuídas na cidade em diversas unidades de atendimento, sendo:
Centros de Atendimentos Rebouças, Plínio Tourinho, Boqueirão, Casa Feminina e LBT ( primeira do Brasil), Casa de Passagem, Casa do Vovô (também primeira do Brasil), Casa de Mães com crianças em risco, Casa do Indígena ( que era um dever do governo do estado), Casa do Acolhimento na rua Júlio da Costa, e o Condomínio Social em funcionamento desde 2014.
a) Lembro que a concentração de moradores de rua no centro da cidade muitas vezes é uma opção de vida de cada um -e a FAS e qualquer outro órgão desta área trabalha com o convencimento, que muitas vezes não tem o sucesso desejado.

O aumento no número de moradores de rua é um fenômeno global. Pesquise sobre o que aconteceu recentemente em Nova York e Los Angeles, só pra ficar em dois exemplos americanos. Isso é decorrência de vários fatores, especialmente econômicos (crise econômica, desemprego) e sociais (consumo de álcool e drogas, conflitos familiares). Assim, o processo de ressocialização depende do perfil de cada morador de rua. Há os que precisam de emprego, há os que podem retornar para a família, há os que necessitam de cuidados de saúde etc.

Na atual gestão municipal, a FAS trabalhou em várias frentes. Mas, especialmente, na ampliação e diversificação de unidades de atendimento para moradores de rua (são 10 novas unidades) e ampliação de vagas de acolhimento (crescimento de 80% nos últimos três anos e meio). As unidades de atendimento agora são divididas pelo perfil do público. Há a Casa de Passagem Boa Esperança para os que precisam de abrigo por uma noite, há a Casa de Passagem Feminina e LBT, para pessoas que se identificam com o gênero feminino, há a Casa do Vovô, para idosos com histórico de vida nas ruas e há o Condomínio Social, unidade inovadora em todo o Brasil, que faz o último estágio do acolhimento do morador de rua antes de retomada de sua autonomia social. No Condomínio, todos os moradores ou estudam ou trabalham (alguns até já passaram em concursos públicos e em vestibulares). Esses são apenas alguns exemplos.

Na área central a FAS ainda implementou dois guarda-pertences exclusivos para a população de rua e criou um cartão que dá acesso gratuito a banheiros públicos. Isso para diminuir o uso inadequado do espaço público e para melhorar as condições de higiene.

Cada uma dessas ações tem por objetivo buscar a aproximação do usuário do serviço público, visto que há uma resistência muito grande em o morador de rua aceitar a abordagem das equipes da prefeitura. Cada um, como disse, demanda uma atenção diferenciada.

Mas nem todos esses esforços são suficientes para se “resolver” o problema. A causa exige envolvimento de vários setores do poder público (como a melhora das políticas sociais nos municípios do interior, por exemplo, uma vez que mais da metade dos moradores de rua de Curitiba são de fora da cidade) e também da sociedade (há poucas instituições sociais que ofertem serviços de acolhimento para idosos com alto grau de comprometimento, por exemplo).

*Estes dados foram objeto de pesquisa e informações junto a FAS e fazem parte de um programa em execução.

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