17:45Toots Thielemans, adeus

Da Folha.com

Gaitista e jazzman Toots Thielemans morre aos 94 anos na Bélgica

O gaitista belga Toots Thielemans, um dos grandes nomes do jazz, morreu na manhã desta segunda-feira (22) aos 94 anos.

Thielemans morreu dormindo no leito de um hospital na Bélgica, disse sua empresária. Ele foi hospitalizado no mês passado, após uma queda, mas passava bem depois de operar seu ombro.

“Ele estava tão feliz, estava passando tão bem”, disse a empresária Veerle Van de Poel. “Ficamos muito surpresos” por seu falecimento, ela disse. “Ele estava dormindo e não acordou nesta manhã”.

Seu reconhecimento internacional veio em 1950, quando ele acompanhou o clarinetista norte-americano Benny Goodman em uma turnê européia. Ele emigrou aos Estados Unidos em 1952 para ladear o saxofonista Charlie Parker. O gaitista também tocou com outros grandes nomes do jazz, incluindo que tocou com grandes nomes do jazz, como Miles Davis, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Paul Simon e Billy Joel.Nascido em 29 de abril de 1922, em Bruxelas, Jean-Baptiste Frederic Isidore Thielemans começou a tocar gaita como um hobby e foi “contaminado” pelo vírus do jazz durante a ocupação germânica, de acordo com sua página na internet.

Seus solos de gaita figuram em trilhas sonoras de filmes como “Perdidos na Noite”, “Os Implacáveis” e “Louca Escapada”, além de compor o tema musical do programa televisivo infantil “Vila Sésamo”.

O músico chegou a gravar um álbum com Elis Regina em Estocolmo, na Suécia, em 1969 –o disco chegou ao Brasil uma década depois. Intitulada “Elis & Toots”, a parceria tem canções como “Wave”, de Tom Jobim, e “Canto de Ossanha”, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

No álbum, “Aquarela do Brasil”, samba-exaltação de Ary Barroso, aparece misturado a “Nega do Cabelo Duro”, samba de 1940 da lavra de Rubens Soares e David Nasser.

O contato com a bossa nova foi decisivo para o gaitista belga produzir, em 1992, a coletânea “The Brazil Project”, em que gravou pérolas da MPB ao lado de Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo e Milton Nascimento, entre outros com quem dividiu shows depois.

Thielemans, que também tocava guitarra, foi homenageado pela realeza da Bélgica em 2001, quando o Rei Albert II concedeu-lhe o título de barão.

A família real belga disse estar “movida profundamente pelo falecimento de Toots Thielemans, um dos maiores jazzman”.

“Nós perdemos um grande músico, uma personalidade comovente. Meus pensamentos estão com a família e amigos de Toots Thielemans”, publicou no Twitter o Primeiro-Ministro belga Charles Michael.

Em notas de um álbum, o produtor Quincy Jones disse que “sem hesitar esse Toots é um dos maiores músicos de nosso tempo. Em seu instrumento, ele atinge o melhor que o jazz já produziu. Ele acerta o coração e faz você chorar”.

Thielemans se aposentou em 2014 conforme problemas de saúde relacionados à idade tornaram mais difícil subir aos palcos.

Um festival de jazz que leva seu nome está agendado para acontecer em setembro, na cidade de La Hulpe, a 25 km de Bruxelas, onde Thielemans vivia.

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