por Ruy Castro
Os americanos gostam de acreditar que é feio mentir. Richard Nixon, por exemplo, renunciou à presidência em 1974 porque mentiu no caso Watergate. A história ensina, no entanto, que, nos EUA, o crime não é mentir, mas ser apanhado mentindo. E, mesmo assim, nem sempre – John Kennedy, Lyndon Johnson, Ronald Reagan, Bill Clinton e George W. Bush também foram apanhados e continuaram na Casa Branca.
Ao dizer que fora assaltado no Rio, o nadador Ryan Lochte mentiu para uma cidade que o recebia e admirava. Isso provocou uma comoção – imagine, um atleta americano assaltado em plena Olimpíada! — e mobilizou um enorme efetivo da polícia. Os jornais e TVs dos EUA somaram a palavra do seu atleta à habitual má vontade para com o Brasil, não viram o que discutir, e tome manchetes.
A reviravolta da história levou a imprensa americana a rever a maneira de tratá-la, pena que sem o estardalhaço da primeira versão. Ao Rio, satanizado em suas reportagens, deveria ter correspondido uma descrição completa de Lochte como arrogante, vândalo, fujão, covarde e mentiroso.
Tendo contra si todos os vídeos, testemunhos e até a confissão de seus colegas de esbórnia, Lochte ofereceu desculpas pífias à cidade e ao país. Reduziu o episódio a uma farra que fugiu do controle, omitiu o principal — sua mentira sobre o assalto — e mentiu de novo ao dizer que foi extorquido e ameaçado.
Mas Lochte parece saber com quem está lidando. Mário Andrada, diretor de comunicação do Comitê Rio-2016 — o mesmo funcionário que se apressou a pedir perdão aos EUA quando o caso começou —, aceitou correndo essas desculpas e exerceu o seu complexo de vira-lata ao também reduzir o caso a uma estudantada. Donde, desde já, fica autorizado a abanar o rabo para Ryan Lochte na próxima Olimpíada em que se encontrarem.
Isso prova que vagabundo mentiroso tem em todo lugar…mas como eles são do tal “primeiro mundo”, fica menos feio neh.