10:18Memórias da gente

por Jamur Jr. 

Na década  de 50 havia um grande movimento de pessoas pela rua Barão do Rio Branco. Ali estavam os estúdios das principais emissoras de rádio da cidade : Clube Paranaense (a mais antiga), Guairacá e Cultura do Paraná.O comércio na região era forte e intenso. As lojas vendiam de tudo, principalmente roupas, móveis e tecidos. Eram bons anunciantes das rádios locais. No final da Barão, a Estação Ferroviária fervia de gente indo e vindo de várias partes do Paraná, especialmente de Paranaguá. Era do litoral paranaense que o trem trazia peixes, caranguejos, siris e outros habitantes do mar. Era comum ver alguém comprando frutos do mar ali Estação ferroviária.

Contavam, na ocasião, que dois colegas de rádio, que tinham costume de sair por ai zoando e bebendo, certo dia decidiram comprar tainha no trem. Deixaram o estúdio na segunda quadra da rua e foram até o final em busca do pescado que deveria ser assado para o almoço com outros colegas. Não teve almoço, nem jantar. Os dois tomaram alguns tragos nos botecos da Barão antes de chegar no trem. E assim foram caminhando e bebendo por vários botecos e alguns dias. Antes compraram uma tainha com ova e cada vez que chegavam a um bar para mais uns goles, deixavam o peixe num canto do balcão. Dois dias depois, com a tainha exalando mau cheiro, decidiram voltar ao trabalho, e chegaram como se nada houvesse ocorrido de anormal.

Duas coisas devem ganhar algum destaque nessa história envolvendo rádio e radialistas. Estes eram admirados e o rádio muito ouvido. Era bom ouvir rádio, o rádio que se fazia era bom.  Os grandes cantores do rádio tinham fan clube, eram assediados, tanto os populares como os eruditos. Entre estes destacavam-se Humberto Lavalle, um tenor magnífico, Itané Leão e os populares, como Luiz Silva, Medeiros Filho , Léo Vaz, Irene Aguiar, Claudete Rufino e tantos outros. Belarmino e Gabriela faziam a alegria da plateia nos programas de auditório da Rádio Guairacá.  O ouvinte mantinha uma audiência permanente com as emissoras locais. O rádio era o veículo para entreter, alegrar e informar. As notícias chegavam rapidamente e com precisão nas vozes de renomados locutores, como MIlton Luiz, Julio Xavier Viana, Airton Goulart, Alcides Vasconcelos, entre outros.

Locutor de rádio era sempre cercado de boas atenções em qualquer evento. Entre eles havia muitos estudantes que ganhavam salários para ajudar na manutenção em seus cursos na universidade. Outros mais distantes de bancos escolares preferiam o divertimento de todos os dias. Um dos locais mais atraentes para todos era  a Boate Tropical, no Passeio Público, onde o pianista conhecido como Zeca, O Maluco do Teclado, fazia maravilhas no piano.

 

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