7:42Filha de ministro da Saúde tenta manter dinastia no Paraná

Da Folha de S.Paulo, em reportagem de Estelita Hass Carazzai

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, tem três filhas. Mas é a mais nova, Maria Victória Borghetti Barros, que ele chama de “o menininho do pai”, a única que seguiu a carreira política.

Agora, aos 24 anos e filiada ao PP, a deputada estadual quer ser prefeita de Curitiba, seguindo a trajetória do pai e da mãe, a vice-governadora do Paraná, Cida Borghetti (PP) –consolidando um poderoso grupo político local.

“Não tem essa coisa de família. Quem vota são as pessoas. Elas que escolhem. E votam porque comprovamos que trabalhamos por elas”, diz Victória à Folha.

A jovem já lançou a pré-campanha: o lema é “Fique com o novo”, referência à sua juventude, ainda que venha de uma família que está há quase 60 anos na política.

O pai, ex-prefeito de Maringá, foi deputado federal por cinco mandatos e é conhecido como articulador político.

Filiado ao PP, foi líder dos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), era da base de Dilma Rousseff e, ainda assim, virou ministro de Michel Temer (PMDB).

“Nós nunca criticamos ninguém. É proibido”, diz, sobre sua estratégia eleitoral. “O adversário de hoje é o aliado de amanhã. Isso é política.”

Para formar suas alianças, que diz já ter costurado “até 2018”, com vistas à candidatura de Cida Borghetti ao governo do Paraná, Barros afirma usar um recurso simples: cumprir o que promete.

“Tudo o que eu combino, eu cumpro”, diz. Não é loteamento, segundo ele: “É coalizão. Carrega uma bandeira na eleição e depois ajuda a executar. Senão, não tem sentido. Qual a motivação?”

O pragmatismo é um lema para Barros, que também é filho de ex-prefeito: seu pai, Silvio Barros, comandou a Prefeitura de Maringá nos anos 1970. Hoje, seu irmão, Silvio Barros II (PP), é favorito para retomar o posto –que já ocupou por dois mandatos.

A família rechaça a tese de oligarquia. “Baseado em quê? No voto democrático e secreto das pessoas?”, questiona Barros. “Nós fazemos vestibular a cada quatro anos”.

Maria Victória também não gosta da crítica. “Filho de médico pode ser médico, de dentista também. Qual o preconceito com políticos?”

Para ela, a família continua na estrada porque faz “a boa política”, que traz resultados para os eleitores.

A passagem de Barros pela Prefeitura (1989-1993) rendeu a ele investigações. Ele é alvo de inquérito no STF que apura suposto direcionamento em licitação de publicidade da prefeitura.

Também sofre investigação por supostas irregularidades na licitação para compra de equipamentos e outro por concessão de incentivos fiscais considerados ilegais. O ministro nega as acusações.

Nas investigações da Lava Jato, foi citado pontualmente, apesar de ser do PP, partido com o maior número de implicados no escândalo.

Aparece em planilhas da empreiteira Odebrecht de supostos financiamentos a políticos. O ministro afirma que não foi citado como beneficiário dos recursos.

nostalgia

Deputada há dois anos, Victória vive com uma lista de coisas a fazer. Risca uma a uma ao longo do dia. É “obstinada”, segundo o pai.

Ela diz ter aprendido a ser independente: na época do impeachment de Dilma, foi a primeira a confrontar o pai e defender que o PP votasse a favor da saída da petista.

Para montar o plano de governo, foi ouvir os conselhos do urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba e amigo da família. “Curitiba sempre foi de vanguarda. Queremos retomar isso”, diz Victória.

Hoje, a deputada tem cerca de 3% de intenção de voto nas pesquisas. Por enquanto, os favoritos são o atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), e o secretário estadual Ratinho Junior (PSD).

 

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