6:49O ANARQUISTA

A MULHER HONESTA

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Dilma protesta: o Senado julga uma mulher honesta, ela. Dilma insiste no monômio mulher: também é perseguida por ser mulher. O mantra contaminou as ‘companheiras do grelo duro’ – expressão feminista de Lula. Bobagem. Nem o sexo nem a honestidade de Dilma estão em questão. Se mulher fosse o problema, Dilma não teria sido eleita duas vezes.

Isso de mulher honesta interessava em Roma, quando Júlio César repudiou a sua, Cornélia, que recebeu um homem disfarçado de mulher em festa only for women. O homem, Clódio, arrastava uma biga com seis cavalos pela anfitriã. Acabou processado por invasão do domicílio, mas restou a dúvida: Cornélia pedalou com Clódio? Fez César virar Cornélio?

César matou na raiz: sua mulher devia ser e parecer honesta. Diferente do PT, que para si e os seus vive de certezas, inabaláveis como as dos velhos estalinistas. No partido, todos são honestos et tollitur quaestio, não se admite prova em contrário. Dilma, Dirceu, Vaccari, Palocci são honestos, inocentes. Lula nunca teve telefone celular nem sítio fornecido por empreiteira.

Mais, Rosemary Noronha era apenas uma secretária confiada, abusada e aproveitadora. Celso Daniel foi morto por Lee Oswald. Lulinha é o Bill Gates neto da avó que nasceu analfabeta. Este será o Credo a ser entoado pelos petistas até a enésima geração. Dilma é honesta? Mulher e honesta são cortina de fumaça, fracos engodos de argumentação pífia.

Embora importante, a honestidade não é decisiva no impeachment de Dilma. Ninguém a acusa do contrário. O que se discute no Senado é ilegalidade temperada com doses cavalares de omissão funcional. Não fosse a autossuficiência de sua arrogância, Dilma sequer traria a honestidade ao debate, como fez ao escolher Eduardo Cunha como oposto ético.

Com uma penca de altos auxiliares enroscados na Lava Jato, a honestidade da presidente torna-se questão retórica. Como a gerente supereficiente deixou escapar tanta roubalheira? Piedosamente, digamos que Dilma seja honesta. Porém não há honestidade que abone as ilegalidades agravadas pela omissão da presidente.

(ROGÉRIO DISTÉFANO)

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