9:14É hora do titês professoral

por Tostão

Mais um fracasso da seleção. Depois do 7 a 1 para a Alemanha e da eliminação da Copa América, no ano passado, pelo Paraguai, o Brasil caiu fora contra o Peru, inferior ao Paraguai. Não será mais surpresa se a próxima derrota for para a Bolívia e/ou ficar fora da Copa de 2018. Como diria Milton Leite, que fase!

Se nada de bom for feito, teremos, no futuro, o funeral do futebol brasileiro, com o epitáfio: “Havia um lugar chamado país do futebol, que tinha um rei, magistrais jogadores e que o mundo parava para vê-los. Porém, por causa da incompetência, da desorganização, da corrupção disseminada, sistêmica, que assolou o país e o futebol, da evolução de outros países e dos otimistas prepotentes, agonizou e morreu”.

Comentarista torce por suas ideias, procura e descobre, durante as partidas, fatos ou imagens, mesmo que sejam esporádicas, para confirmar suas opiniões. Não existe observador completamente neutro.

Como a maioria dos comentaristas da televisão pedia a escalação de um time mais leve, conceito indefinido, torceram e aplaudiram, desde o início, tudo o que a seleção fazia contra o Peru. Assistiam a outro jogo. Mesmo depois da derrota e da péssima atuação, ainda insistiram que o time foi bem e mais leve. No outro dia, pediram a saída de Dunga. Mudou o editorial.

Wallace deveria ter entrado, pelas características parecidas com as de Casemiro e porque o time dava sinal de evolução com um volante e dois armadores. Dunga regrediu ao escalar Elias e Renato Augusto de volantes e Lucas Lima mais livre, mais à frente. Elias e Renato Augusto nunca jogaram no Corinthians, com Tite, sem um volante atrás dos dois.

Todos os grandes times do mundo possuem um volante centralizado, que marca, protege a defesa e inicia as jogadas ofensivas com um ótimo passe. Assim, é o Barcelona, com Busquets, o Bayern, com Xabi Alonso, a Argentina, com Mascherano, a Alemanha, com Kroos, e tantos outros. Casemiro ganhou a posição no Real Madrid porque o time precisava de um volante mais marcador e centralizado, que desse condições para Kroos e Modric avançarem.

Apesar de Dunga ter uma pequena responsabilidade pela queda técnica, individual e coletiva, que acontece no futebol brasileiro, há muito tempo, não dava mais para ele nem Gilmar Rinaldi continuarem, o que deveria ser seguido pelo presidente Del Nero. É preciso mudar a estrutura para dar condições a pessoas independentes e competentes assumirem o comando da entidade em eleições democráticas e sem votos de cabresto.

O ideal seria que o técnico da seleção brasileira fosse um brasileiro com sucesso em uma das grandes equipes do mundo, onde estão os principais atletas brasileiros. Dos treinadores que trabalham no Brasil, Tite é o mais bem preparado.

Tite ou qualquer treinador terá enormes dificuldades. Faltam ao Brasil craques no meio-campo e na posição de centroavante, além de um goleiro excepcional, do nível dos melhores do mundo. O Brasil precisa melhorar o talento individual e coletivo.

Se Tite for confirmado, vai aceitar, constrangido, o convite, pelo que representa moralmente a CBF.

Tite tem mais conhecimentos técnicos que Dunga.

Além disso, sairá o mau humor e a secura de Dunga e entrará o titês professoral e pastoral.

*Publicado na Folha de S.Paulo 

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