9:30Jornal Nacional dá tiro de canhão na turma da capa preta do Paraná

Da edição de sexta-feira (10) do Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão

Federação denuncia em congresso ações de juízes contra jornalistas

Profissionais da ‘Gazeta do Povo’ enfrentam processos após reportagem. Para federação de jornalistas, foi uma ação articulada dos juízes.

Num congresso mundial, na França, a Federação Nacional dos Jornalistas denunciou a ação de magistrados e de promotores do Paraná contra o Jornal “Gazeta do Povo” como um atentado à liberdade de imprensa.

O jornal “Gazeta do Povo” e cinco profissionais são alvos das ações.

Em reportagens publicadas em fevereiro, o jornal mostrou, com base em dados públicos oficiais, que magistrados paranaenses receberam, em média, em 2015, R$ 527 mil. E membros do Ministério Público, R$ 507 mil, em média. Mais de um terço destes valores corresponde a auxílios, indenizações e pagamentos retroativos.

Para responder às 37 ações individuais, quase todas movidas por juízes, os profissionais estão sendo obrigados a comparecer às audiências em várias cidades do estado. Se não forem, podem ser condenados à revelia. Eles já estiveram em 19 audiências. Para isso, percorreram mais de seis mil quilômetros.

“Esse grupo de magistrados, na prática, o que eles estão cometendo é um atentado grave a liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade de informar ao público aquilo que é de interesse público”, disse Leonardo Mendes Júnior, diretor de redação da “Gazeta do Povo”.

A Associação Brasileira de Imprensa afirmou que entende que esse movimento coordenado não se destina a qualquer tipo de reparação por danos morais e que o ‘modus operandi’ utilizado pelos autores revela justamente o que se pretende ocultar: intimidar jornalistas e cercear a liberdade de imprensa, um dos pilares do Estado Democrático.

ABI demonstrou profunda preocupação com o lamentável comportamento de destacados funcionários públicos, ao se moverem apenas na defesa de privilégios em flagrante desrespeito a princípios consagrados pela Constituição.

Ao denunciar a atitude de juízes num congresso na França, a Federação Nacional dos Jornalistas afirmou que a reação dos magistrados constitui uma evidente ação articulada.

Numa mensagem de áudio enviada aos juízes, o presidente da Associação dos Magistrados doParaná (Amapar) oferece um modelo para quem quiser processar o jornal e os jornalistas.

“Já estamos providenciando um modelo de ação individual, feito a muitas mãos, por vários colegas, e com viabilidade de êxito, pra que cada um na medida do possível e respeitadas as peculiaridades do que foi divulgado ali, possa entrar com sua ação judicial, caso considere conveniente”, disse Frederico Mendes Júnior, presidente da Amapar.

A Associação dos Magistrados do Paraná afirmou que não há tentativa de intimidação, mas, sim, exercício de um direito constitucional. E negou uma ação coordenada.

A Associação Paranaense do Ministério Público declarou que as ações desse caso não representam, em hipótese alguma, tentativa de ferir o direito de informação, nem buscam atacar a liberdade de imprensa.

A Federação Nacional dos Jornalistas declarou que a denúncia será encaminhada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, e que que vai pedir manifestações oficiais do Ministério da Justiça, do Conselho Nacional de Justiça e do Ministério Público Federal. Dezesseis juízes se declararam suspeitos ou impedidos para julgar as ações movidas por colegas magistrados.

A Associação Nacional dos Jornais, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, o Sindicato de Jornalistas do Paraná e o Instituto dos Advogados do Paraná se manifestaram em favor da liberdade de imprensa e em defesa dos profissionais e do jornal “Gazeta do Povo”.

* Para quem quiser ver a reportagem, clique: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/06/fenaj-diz-que-jornalistas-processados-por-juizes-sao-alvo-de-assedio-judicial.html

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Uma ideia sobre “Jornal Nacional dá tiro de canhão na turma da capa preta do Paraná

  1. sergio silvestre

    Tenho um processo trabalhista de Evaiporã,onde eu nunca fui e já me deu muitas dor de cabeça,por que deu revelia.
    Não conheço o autor,não conheço a banca e dizem ter muito disso acontecendo no Brasil,inclusive uso Capião para magistrados de heranças onde enrolam os processos por anos,e acaba ficando para eles a posse.

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