FRANÇOIS DE LA ROCHEFOUCAULD
A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude
Em casa Di Ferrero
‘Eu e minha mulher já praticamos o sexo tântrico” – o ‘eu’ no começo da frase vem dos nada galantes e modestos lábios do cantor Di Ferrero, marido da modelo Isabeli Fontana, ao intervir em entrevista de sexóloga a programa de televisão.
O sexo era algo demorado, “mas acordava cedo, bem disposto”, remata Di, o garanhão. Antes de trocar o tétrico pelo tântrico, ele devia acordar indisposto depois de amar a deusa. Em casa Di Ferrero, espeto di pau.
No país da hipocrisia
A lei da transparência garante seis meses de remuneração a ex-ministros, período em que estarão impedidos de exercer atividades privadas.
Nos seus elevados e patrióticos propósitos a lei visa preservar a administração pública da violação da confidencialidade, de os ministros tirarem proveito de informações estratégicas para ganhar dinheiro fora do ministério.
Informações que sem problemas eles compartilham e/ou vendem quando no ministério: vide Lava Jato, delações de Sérgio Machado, de Delcídio Amaral e de Marcelo Odebrecht.
Vazamento pelo ladrão
Desde janeiro Dilma nos atochaR$ 62 mil por mês no farnel do Alvorada. A mulher está magra, faz regime e não tem uma lulagem comendo pelo cartão corporativo da Viúva.
Viciado na boca livre, Lula é solidário: diz que Michel Temer “cortou até o almoço de Dilma”. Madame Rousseff quer“ investigar o vazamento”.
Quem tem que investigar o vazamento é o Planalto. Vazamento de comida, pelo ladrão.
Temer sem temer
Os aliados estão de bronca com Michel Temer porque o presidente tirou do trilho o trem da alegria aprovado no Congresso, como a criação de cargos, aumento de salários e o neo aparelhamento das estatais. Ruim para os aliados, pior para Temer, melhor para o Brasil.
Ministérios que santificam
“Não há fatos novos” – a explicação de Michel Temer para não demitir o ministro Henrique Alves, do Turismo, com dois inquéritos na Lava Jato, e Fátima Pelaes, secretária das Mulheres, suspeita de desvio de R$ 4 milhões de emendas parlamentares. Temer só demite por fraudes novas; as velhas não interessam. No ministério Temer todos viram santos.
E o papel da gramática?
Na edição de terça o Estadão explica a capa em branco, não impressa, da edição de segunda-feira: “O papel de um jornal não é só escrever a História. É revisar cada ponto, cada vírgula, cada interrogação”. Nada sobre a revisão dos verbos no texto, como no caderno Economia & Negócios de ontem, dia 7, pág. B1: “Estados e municípios têm mais três semanas para chegarem a um acordo…”
Impressão genital
Ernesto Fidel Morales Zapata nunca existiu. Foi invenção de Gabriela Zapata, ex-namorada de Evo Morales, presidente da Bolívia. Gabriela usou Evo para ganhar dinheiro fazendo lobby no governo. Acabou presa e processada. Desde então Evo procura o filho, sem sucesso.
A fraude da gravidez foi denunciada pelo jornalista boliviano Carlos Valverde. A moça pode ter aplicado o golpe da calcinha – os políticos, com pressa, são descuidados nesse assunto. Mas que o nome Ernesto Fidel leva as impressões digitais e genitais de Evo Morales, isso leva.
(ROGÉRIO DISTÉFANO)