7:09O ANARQUISTA

heloísahelena

HELOÍSA HELENA

“Não acredito que o poder tenha mudado as pessoas, que tenham metamorfoseado ao tocarem os tapetes supostamente sagrados dos palácios. O poder não mudar as pessoas, ele as revela”  

Tudo a temer

Nada a temer, a não ser o Temer.

Ambas as duas

Vai dar zika na olimpíada? Vai dar olimpíada na zika?

Irresistível

“Ela fala pelos cotovelos! Mas que cotovelos…” – o cronista Rubem Braga sobre a atriz Tônia Carrero.

Ela só tirou férias

Dilma acaba voltando. O governo trabalha para ela. Dilma arrendou a alma. Temer vendeu a alma. Isso faz diferença. Quem arrenda, pode tomar de volta. Quem vende, entrega de vez.

Olha aí, é o meu guri

Michelzinho Temer, 7 anos, já é milionário: tem dois imóveis em São Paulo no valor de R$ 2 mi. Calma, mortadelas. O menino não é mais “um Ronaldinho dos negócios”, como Lula definiu o filho Lulinha, que, passados dos 30, ficou milionário da noite para o dia ao associar sua microempresa à Gamecorp, multinacional. Michelzinho recebeu os imóveis em doação do pai.

Classificados

O ex-ministro Joaquim Barbosa, relator do Mensalão no STF, abriu escritório de advocacia em São Paulo. Barbosa ficou conhecido pelos atritos com advogados e com seus colegas no tribunal. Será que Barbosa conseguirá clientes? O primeiro requisito do advogado de sucesso é fingir ser gentil e educado. Basta fingir. Barbosa nem tentava.

Caveat emptor

O MINISTRO GILMAR MENDES, presidente do TSE, reuniu-se com o vice-presidente no exercício da presidência no Palácio do Jaburu, residência oficial deste. O encontro aconteceu no último sábado, à noite. O tema, divulgado por Mendes, foi o orçamento do TSE para as eleições municipais, descontinuado com o afastamento de Romero Jucá do ministério do Planejamento. Ah, sim, o ministro Gilmar Mendes assume no Supremo a presidência da turma que julgará os processos da Lava Jato. Os romanos usavam recomendar caveat emptor – cuidado, comprador – diante de certas mercadorias na prateleira.

O encontro pode ter sido inocente, mas em Brasília esses encontros não mais geram presunção de inocência, não admitem sequer prova em contrário. As razões estão escancaradas. (1) As gravações do ex-senador Sérgio Machado a demonstrar que os gabinetes de Brasília são palco para conversas e acordos que ofenderiam o mais promíscuo e devasso dos imorais. (2) Com ou sem a suspeição que paira sobre todas as autoridades de Brasília, um assunto desses pode – e deve – ser tratado à luz (literalmente) do dia, no local próprio, o gabinete presidencial do Palácio do Planalto, com agenda prévia e formal.

Se vencidos pela complacência admitirmos a inocência do encontro, o que concluir das circunstâncias em que foi realizado – noite de sábado, na residência oficial? Ainda que complacentes, tolerantes, não podemos ignorar a soberba e a arrogância de, no momento sensível e tenso pelo que passa o país, os dois presidentes postarem-se acima do dever de manter a aparência e o ritual da função pública. Fala-se tanto da transparência nos assuntos de Estado e se esquece da necessidade da aparência. Júlio César diria hoje que sua mulher não só deve transparecer, como também parecer.

(ROGÉRIO DISTÉFANO)

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.