Da Gazeta do Povo, em reportagem de Sandro Moser
Após uma assembleia realizada na tarde deste domingo (29), os estudantes secundaristas que ocupavam três escolas públicas na cidade de Maringá, norte do estado, decidiram suspender os protestos até uma reunião marcada para a tarde desta segunda-feira (30) com o governador Beto Richa (PSDB), no Palácio Iguaçu.
De acordo com o presidente da União Paranaense dos Estudantes (Upes), Matheus dos Santos, a suspensão não representa o fim das ocupações. “[A ocupação] não acabou. Os estudantes estão em estado de alerta. Se as nossas pautas não forem atendidas pelo governo, ocuparemos de novo”, prometeu.
Da reunião no Palácio Iguaçu, além dos representantes dos estudantes secundaristas e do governador, devem participar o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), e a secretária de Educação, Ana Ceres Comim.
O encontro entre governo e manifestantes foi negociado na tarde da última quinta-feira (26) entre as lideranças da ocupação e dois deputados estaduais, Hussein Bakri (PSD) e Professor Lemos (PT).
Os parlamentares foram enviados a Maringá pelo governo para negociar uma saída para o impasse após a justiça estadual determinar, na última quinta-feira (26), a reintegração de posse do Colégio Estadual José Gerardo Braga, uma das escolas ocupadas.
Na decisão, o juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Maringá, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), determinou que os manifestantes teriam 24 horas para deixar o colégio de forma voluntária, após a notificação.
Depois desse prazo, estaria autorizado o uso de “força policial moderada” para retirá-los de forma “coercitiva”. Em razão do feriado, os estudantes ainda não foram notificados. Isso deve acontecer nesta segunda-feira (30).
Temendo um confronto violento, o governo usou os parlamentares da situação e oposição para negociar uma desocupação pacífica, com a promessa de que parte da pauta dos estudantes será atendida.
“Não queremos o confronto, queremos o diálogo. Ouvimos a pauta dos estudantes e muitos dos pedidos são justos, podem ser cumpridos pelo governo”, disse Bakri na quinta.
Três escolas
No último dia 18, três escolas públicas de Maringá, Gerardo Braga, Tancredo Neves e Adaile Maria Leite foram ocupadas.
Os alunos estão mobilizados devido a precariedade da merenda escolar. Os jovens reclamam da quantidade e da qualidade dos alimentos que estão sendo entregues nas escolas estaduais.
De acordo com uma nota divulgada pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), em razão das ocupações, 2.117 estudantes das três escolas de Maringá estão sem aulas. A Seed informa que esses estudantes terão direito a reposição das aulas perdidas devido ao movimento.