22:20ZÉ DA SILVA

acordou e estava na senzala nu com a pança branca e o pinto encolhido tanto que quase entra para dentro do corpo cercado por um mar de negros cujos olhares eram açoites os mesmos que deixaram marcas em seus corpos os mais visíveis nos rostos como se tivessem recebido cortes de navalha não havia raiva ou ódio na expressão deles mas apenas curiosidade o ambiente fedia a mijo e merda e o ser estranho ali vomitou a comida que ele também não sabia ter ingerido uma mão de palma clara cortou o ar e pegou no seu braço ele se cagou todo pensando ter chegado a hora mas aquela mão lhe pareceu carinhosa humana como a da mulher dos filhos dos parentes enfim de todos que ele conhecia lá de onde veio outras mãos surgiram e o ajudaram a se levantar ele cobriu o sexo mas isso não era preciso porque ali só os pentelhos apareciam foi levado para uma porta de ferro que foi aberta e o ar frio da manhã banhou o seu corpo ele então teve coragem de olhar para trás e viu sorrisos brancos como neve que conhecia de viagens aos paraísos dos esquiadores ele deu alguns passos sentiu a grama sob os pés olhou o sol nascendo por trás de uma mata ouviu o canto dos pássaros e a porta se fechando às suas costas então uma coisa tomou conta da sua alma e o alucinou até que que explodiu num grito de cólera que anunciou o quanto aqueles negros iriam pagar pelo que fizeram.

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