19:50ZÉ DA SILVA

Ao ver o litro de batida na prateleira do boteco, lembrei que um dia eu e um amigo de afundamento no copo começamos a organizar uma excursão a um antigo bar onde havia várias e várias garrafas empoeiradas, fechadas e com líquidos estranhos, de várias cores. A ideia era chegar lá e beber tudo. Provavelmente por trás disso estava o desejo de morrer antes do tempo. O resto de memória trouxe essa história exatamente no momento iluminado e bem humorado da conversa com um chapa dos novos tempos, quando ele, roqueiro da pesada, contou que foi a um show de uma banda inglesa de hardcore, pulou feito menino, apesar dos 40 anos, tomou água e depois, feliz, foi descansar em casa. No passado um pouco distante ele se enfiou na nóia do crack – e lá ficou vários anos. Então, fiz a pergunta crucial: água com ou sem gás? Ele disse que era sem. Ali, constatei que ele é mesmo da pesada. E disse isso, porque meu “vício” é a com bolinhas. Gargalhamos juntos – em homenagem à vida.

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