20:55ZÉ DA SILVA

Uma vez entrei no campo de um estádio de time profissional. Para jogar. Era uma pelada beneficente. Fiquei cinco minutos e achei uma merda. O espaço era tão grande que concordei que correr noventa minutos ali é coisa para gente mais do que bem tratada e treinada. Foi a mesma sensação que tive quando a bola chegou aos meus pés pela primeira vez e tentei controlá-la. Impossível. A magia do futebol eu vi mesmo foi numa foto em que, num campo de várzea, um goleiro, de gorrinho e tudo, voa para defender uma bola no canto direito – e, lá no outro poste, encostado, está meu pai, observando. Puxei para ele o dom de só observar. Ele amava o Santos de Pelé, mas nunca foi ao estádio assistir a um jogo do maior time do mundo. Assim, perdi a oportunidade de ver o Rei e seus companheiros. Mas, por isso mesmo, a lenda ficou maior, porque ouvia as transmissões no radinho ao lado dele. Pedro Luis ou Edson Leite na narração. Na voz deles, o campo era minúsculo, e todos os lances desenhados nas nossas mentes – eles, os locutores ,só davam as coordenadas para a fantasia. Assim foi. Assim é. Assim será.

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