7:04O maestro e a platéia

por Rogério Distéfano

“GOVERNO TÉCNICO é como maestro: rege a orquestra de costas para o público” – a frase clássica de José Cavalcanti, o filósofo de Patos (PB), dá a chave para compreender a primeira entrevista de Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda do governo Temer. Ele diz que talvez seja necessário criar ou aumentar impostos, incluída a CPMF.

NADA quanto a reduzir as despesas – não falo dos programas sociais. Refiro-me àquelas que não podem ser reduzidas, santificadas pelo corporativismo, que nasceram na constituição de 1988 com a cláusula pétrea do poder financeiro dos poderes. A despesa dos militantes petistas aparelhados no governo será eliminada? Não, trocaremos as mortadelas pelas coxinhas.

A CPMF por si mesma não oferece maiores inconvenientes. É como a democracia – o pior dos regimes, exceto os outros, como disse Winston Churchill. A CPMF é igualitária, cobra de todos em alíquota única, cobrindo operações que não podem ser escondidas porque a imensa, quase totalidade do dinheiro circula via operações bancárias, nas quais será arrecadada.

OS BRASILEIROS temos preconceito contra a CPMF pelos motivos certos e as razões erradas. Se substituísse alguns impostos seria perfeita, mas não substitui, é apenas mais um. Apesar de ser receita carimbada, para despesa certa, técnica que contraria a regra do caixa único, acaba sendo desviada para outros fins; seu criador, Adib Jatene, da Saúde/FHC, chiava o tempo todo disso.

COMO QUALQUER imposto novo, a CPMF viria com a fatalidade da fácil criação e a quase impossível extinção. Veremos se Michel Temer, que vem e vai, decide e desdecide, manda o projeto e depois retira do Congresso. O PT, que queria-porque-queria a CPMF para Dilma, com a coerência que conhecemos será contra, para não dar dinheiro ao ‘presidente ilegítimo’.

SAUDADES DE DILMA? Não, amigas, amigos mortadelas e coxinhas. Saímos da arrogância incompetente para a incompetência delicada. Teremos o interregno de Michel Temer para observar o presidente em exercício e dar-lhe crédito – apesar de alguns elementos com quem governa.  De bom aviso tomarmos a vacina contra a fúria logomáquica do petismo amargurado.

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