7:13O ANARQUISTA

CHAPLINBENGALA

“…continuamos com um regime que não é nem parlamentarista nem presidencialista. Embora o poder do Executivo seja imenso, o poder de chantagem do Congresso também é muito grande. O povo não sabe disso e a imprensa, como eu já disse tantas vezes aqui, não desmascara” – FHC, nos Diários da Presidência, v. 1, S. Paulo, 2015, p. 223.

Lavada do pescoço

A senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) esbaldou-se em discurso para enaltecer a anulação do impiche da câmara dos deputados, feita num dia e desfeita no dia seguinte pelo autor, deputado Waldir Maranhão (PP/MA). “Perdeu a lavada do pescoço”, diz o vulgo quando o cara se apronta todo para alguma coisa e a coisa não acontece.

A desastrada aliança entre o cucaracha do Maranhão e o espírito santo de orelha que comprou mico e pagou orangotango

Como é que fica, tudo igual, sem consequências? O cara anula num dia, desanula no seguinte, o dólar sobe, a Bolsa desce, ameaças de quebradeira, tudo para ficar bem na paróquia, nas graças do coronel governador. Esse Waldir Maranhão, o vice vexame, tem que levar surra de toalha molhada, que nem um governador de Alagoas, apanhava da primeira dama.

Pateta, caricato, ridículo, não ajudou os que queria ajudar nem atrapalhou os que queria atrapalhar. O ministro advogado geral de Dilma, José Eduardo Cardozo, de tão afanoso em cair nas graças de Lula, pagou não um mico, mas um descomunal orangotango ao bancar o espírito-santo-de-orelha do cucaracha do Maranhão.

Renan, o velho

Quem posa de estadista e acaba considerado estadista neste imbróglio que vivemos? Renan Calheiros, o presidente do Senado. Sente o rumo dos ventos e adota a postura compatível. Sabe-se presidente de instituição crucial na república e entende que deve cumprir seu papel nos freios e contrapesos.

No Congresso há quase quarenta anos, viveu crises, mudou de rumo na presidência Fernando Collor, de quem foi aliado e a quem deixou antes do impiche deste. Seria simples dizer que Renan, como o diabo, é sábio não por ser diabo, mas por ser velho.

Se cavocarmos a história da república, e guardadas as incomensuráveis diferenças nas biografias, encontraremos um similar de Renan no senador Pinheiro Machado, que elegeu e manteve no poder o presidente Hermes da Fonseca, o mais inepto de todos os ineptos que nos governaram – ressalvada Dilma.

Tem diploma de jornalista?

“Homem dá a luz após engravidar ao mudar de gênero” – notícia do Uol. Não há hermenêutica e heurística que ajudem a compreensão da nota. Mas há gramática que exige uma crase, mesmo quando homem ‘dá à luz’.

Crítica da razão dílmica

“Vivemos uma conjuntura de manhas e artimanhas” – a presidente Dilma sintetiza o momento político. Podia ter dito ‘fatos e artefatos’, ‘feitos e malfeitos’, daria tudo na mesma falta de sentido.

Ave Mirian, cheia de graça

A vice-prefeita Mirian Gonçalves soltou nota em que rebate críticas pela adesão à candidatura de Tadeu Veneri, petista como ela, à prefeitura de Curitiba.  Mirian põe os pingos nos ‘is’ e mostra o viés enganador dos críticos: é vice-prefeita por força da coligação vitoriosa de seu partido com o PDT, de Gustavo Fruet, cabeça de chapa.

A próxima eleição é outra eleição, diferente, sob condições e alianças específicas, e nessa será fiel a seu partido, que lança candidato. Mirian joga limpo, sempre foi assim na vida e na política.  Lançada a candidatura Veneri, demitiu-se como secretária municipal, uma vez que para tanto deve ter a confiança do prefeito – agora politicamente comprometida.

Mas não renúncia como vice-prefeita, já que foi “legitimamente eleita”. Esse ‘eleita’ nos deixa confusos. O PT da vice Mirian nega legitimidade a Michel Temer para ser presidente porque – a partir do sermão do messias Lula – o vice-presidente não foi eleito, não teve votos. Então, para juntar lé com cré, extraímos que para o PT da doutora Mirian

a) enquanto o vice, qualquer vice, ficar quieto, será legítimo e legitimamente eleito; b) quando o vice, qualquer vice, mostrar as garras e ameaçar a posição do titular, deixa de ser legítimo e legitimamente eleito. Abstrato demais, não? Mas assim é, pois o PT de Mirian tem razões que a razão não só desconhece como repudia.

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ROGÉRIO DISTÉFANO

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