Do blog Cabeça de Pedra
Aconteceu como encantamento. Comprei chapéus de vários tipos por aí, ou seja, Brasil e mundão. Acho que a foto do pai, jaquetão seis botões, chapelão de aba caída sobre os olhos azuis, anos 40, Rio de Janeiro, influenciou. Mas só uma vez tive coragem de usar um, tradicional, combinando com terno e gravata. Liguei o botão do “não estou vendo ninguém” e fui para a tal repartição. Vários dias num inverno mais ou menos. Apenas um elogio. No mais, imagino, estranhamento. Pendurei todos os exemplares na parede do escritório e esqueci. Até que ela apareceu, magrinha – e se encantou. Começou a experimentar todos e, milagre!, a maioria serviu mais que perfeitamente, compondo com o rosto e o corpo esguios. O que mais a encantou é um de pescador grego. Não pediu, apenas disse para eu colocar no testamento em nome dela. Melhor levá-la a dar um passeio pelas ilhas daquele mar absurdamente lindo. Para comprar o boné e cantar “Marinheiro Só”.
Oxe, pai. Caiu um cisco aqui no meu olho. Linda homenagem ao grande homem que foi seu pai e meu avô, e de lambuja, uma singela lembrança minha também. E, claro, sempre com uma pitada de poesia em sua história de vida. Te amo.