O homem astuto é frequentemente reconhecido por sua doçura fingida, o nariz curvo e o olhar cortante. Do cardeal Mazarino (1602-1661), chanceler da França, no seu Breviário dos Políticos, que sem conhecer o deputado Eduardo Cunha descreveu-o quase quatro séculos antes.
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A política fora do armário
Jô Soares prepara romance entre presidentes homossexuais, o do Brasil com o dos EUA. Novidade nenhuma. Teve prefeito homossexual em Berlim, em Londres e até primeiro ministro gay na Bélgica. Presidente gay, basta destrancar o armário.
Presidente gay no Brasil é tão possível que já existe candidato homofóbico na oposição: Jair Bolsonaro. Ficção mesmo seria o presidente honesto no Brasil, honesto a ponto de não ser corrupto ativo ou passivo e assumir namoro com o colega americano.
Meio amigo
Estudo da Universidade de Tel Aviv conclui que apenas 50% das amizades são verdadeiras. E quem tem só um amigo? Meia amizade? Pesquisa furada. Toda amizade é meio verdadeira, meio falsa.
Desmanche no ar
A presidência Temer começa a desmanchar no ar: ministros com ficha suja e partidos se matando por ministérios de orçamento alto, nosso velho balcão de negócios, o pecado mortal da política brasileira. Adicione-se a erosão do aliado Eduardo Cunha, que tantas fez e levou o STF a adiantar o “tempo da justiça”. Nesse passo não é impossível que o impiche dê com os burros n’água.
Vira o disco
Dilma abre o berreiro para criticar as supostas propostas de Michel Temer sobre políticas sociais. Não devia. Falar agora, antes das reformas do vice, não leva a nada, parece bronca, arma de otário.
Falar agora, antes de ser afastada, lembra o terceiro turno que tanto critica. Falar agora não fará diferença nas opiniões sobre o impiche, seja do Senado, do STF, ou mesmo do povo, esse recém-nascido.
Nós e a rampa
Começa no PT o debate sobre a mudança de Dilma do Planalto. Sai pelos fundos? Não, isso é coisa de Fernando Collor. Desce a rampa, bicuda e chorosa, mas com quem? Lula ainda não devolveu RSVP do convite. De seguro, virão os aliados no Congresso e os dirigentes do PT. Mais ela presidenta, com direito a pronome e substantivo femininos.
A rampa do Planalto, escorregadia, um dos absurdos da absurda arquitetura de Brasília, ainda desaba na cabeça do povo. Dela desceram, em tempos felizes e corruptos, Collor e sua turma de caçadores de corruptos. E agora, em tempo infeliz, Dilma e a turma de caçados. Atenção: quem desce rampa não é rampeiro nem rampeira. É rampista.
Doutor tem cada uma
“É com inconformismo que recebemos a notícia de que o PGR apresentou denúncia em desfavor da senadora Gleisi Hoffmann” – da nota dos advogados da senadora.
Imagine se recebessem ‘com conformismo’. Aquele “denúncia em desfavor” faria inveja a Machado de Assis.
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(ROGÉRIO DISTÉFANO, interino)