17:15ZÉ DA SILVA

O último trago foi na Toca da Onça. Horas antes tinha decidido fazer a “via sacra”, sozinho, na região perto do trabalho. Da Xingu ao rabo de galo, desceu tudo, até Fogo Paulista. Cerveja era para enxaguar a boca. O carro sempre à espera na porta dos botecos. Quando os pneus encontraram o meio-fio, acordei e vi o poste se aproximar. Veio a pancada, a explosão e o bairro todo se apagou. O transformador já era. Eu, não – milagrosamente. Saí dos destroços. Sentei na calçada. Ouvia vozes. Desmaiei. Caí para trás e a pancada na pedra abriu uma avenida acima da nuca. Os médicos de plantão me olhavam espantados quando acordei de novo. Xinguei a todos. Estava com o rosto todo costurado. Fui para casa. À noite, de novo no bar. O álcool não tinha sido o responsável pela quase morte. Assim é a doença vista por quem a controla.

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