10:30MAIS FORTES QUE A ZIKA

por Rogério Distéfano 

MICHEL TEMER tem dificuldades em reduzir ministérios, como prometeu há dias. Esqueceu que no lulo-dilmismo o ministério foi esticado para nele caber toda a base aliada. Com quase duas dezenas de partidos não há ministérios a medir. É a cultura que prevalece. O vice não recebeu o espírito da coisa: para reduzir o número de ministérios é preciso antes reduzir o número de partidos. E aí a porca torce o rabo, pois encolher a cornucópia partidária só com apoio … dos partidos.

ENTONCES, fica tudo como dantes: não demora haverá ainda mais ministérios. Michel Temer não chega à presidência com a autoridade dos milhões de votos próprios, mas cavalgado por ginetes famintos. O vice teve a luminosa ideia: os ministérios devem caber na Esplanada; o projeto de Lúcio Costa/Oscar Niemeyer previu-lhes 19 prédios. Temer foi meio Procusto, o sujeito da fábula. Cabendo na medida do leito, libertava o sujeito; sobrando, cortava o excesso; faltando, esticava até ficar na medida.

LEDO e demagógico engano. Para caber na Esplanada, os atuais ministérios operam ou no modo beliche, uns em cima dos outros, ou espalhados.  Temer viu a luz da racionalidade: por que não (re) unir Educação e Cultura e Turismo e Esporte, por exemplo? Não dá. Um partido quer Cultura, outro, Esporte. O vice ainda fará a divisão entre Ciência e Tecnologia para pagar a fatura do impeachment. Tanta fome que ainda fatia ministérios por sílabas: Cien, Tecno, Esp, Orte. Pode mesmo construir a Brasília II, promessa de propinas polpudas.

O QUE nos acena o futuro? Nada de alentador, esperanças de melhora. Os políticos ainda acham que o povo é trouxa. Já o povo parece confirmar a crença dos mandarins da política. Os políticos fingem que Dilma caiu pelas pedaladas fiscais. O povo parece não ver que as pedaladas foram o subterfúgio, a desculpa do golpe parlamentar, dito impeachment. Os políticos embarcaram na má vontade da opinião pública quanto ao Petrolão, escondido sob a cortina de fumaça das pedaladas.

COMO FICAMOS? Continuamos no business as usual, os negócios de sempre: sai Dilma, entra Temer, sai Lula, entra Jucá, sai PT, entra PMDB – que se reagrupam em alianças passados alguns anos, não menos de cinco, talvez mais que dez, afinal, o Brasil vive das décadas perdidas. Nada muda, nem mesmo as moscas. Por aqui não tem aquilo de solo cambian las moscas, la mierda sigue la misma. Na terra de Santa Cruz as moscas continuam as mesmas. E as moscas de Michel Temer são mais resistentes que a zika.

 

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