14:37Um gorila à solta

por Ivan Schmidt

Um grupo de partidos, dentre eles o PT, PCdoB e Psol, entrará com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pedindo que a Casa tome providências em relação à fala do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), no último domingo. Antes de proferir seu voto a favor do impeachment de Dilma Roussef no plenário, Bolsonaro fez uma dedicatória ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), ex-comandante do DOI-Codi, o primeiro militar brasileiro a ser reconhecido pela Justiça, em 2008, como torturador no regime militar.

Esse é o parágrafo de abertura do texto da jornalista Marina Rossi publicado na edição online do El Pais de quarta-feira (20), dando conta que o citado conselho receberá a representação. Marina diz ainda que a seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedirá a cassação de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à própria Câmara dos Deputados.

O ultra-direitista, uma reprodução canhestra de Gengis Kã, segundo a matéria recebeu o repúdio de milhares de pessoas em abaixo-assinados nas redes sociais e também na forma de representações contra ele no Ministério Público Federal.

Ao anunciar seu voto, entre outras tolices, o parlamentar dedicou-o à memória do grande mestre torturador a quem rotulou de “pavor de Dilma Rousseff”, dizendo-o com os olhos esbugalhados e um esgar de riso bastante comum em desequilibrados emocionais.

“Os pedidos de explicações ao polêmico deputado não ficaram somente no âmbito do Congresso. Após as declarações de Bolsonaro no domingo, o Ministério Público Federal começou a receber representações, por meio de uma plataforma no site do MPF que qualquer cidadão pode ter acesso, solicitando providências em relação ao discurso do deputado”, escreveu Marina.

O MPF, segundo ela, até o final da tarde de terça-feira (18) já havia contabilizado mais de nove mil representações. “Um modelo de pedido circula na internet e coloca como justificativa o fato de que o deputado faz ‘apologia do crime e do criminoso’, ferindo o Código Penal (artigo 287) e incita a ‘subversão da ordem política ou social’, ferindo também a Lei de Segurança Nacional”, seguiu.

Conforme a assessoria do MPF “todas essas denúncias sobre o mesmo tema devem virar uma representação única a ser encaminhada ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, que pode abrir inquérito para apurar o caso ou simplesmente arquivar o processo. Não há prazo para que isso aconteça”.

Todavia, não é admissível que a agressão contra a sociedade brasileira na forma da aleivosia verberada por um representante do povo fique sem uma resposta à altura do ordenamento jurídico em vigor.

Nos anos 50 do século passado (muitos ainda recordam), o deputado federal paulista Barreto Pinto teve o mandato cassado por falta de decoro ao deixar-se fotografar de fraque e cuecas samba-canção para a revista O Cruzeiro.

Bolsonaro, que provavelmente também estaria vestindo cuecas na hora do voto, deixou-se levar pelo destempero e a nostalgia de um tempo sujo vivido pelo país há algumas décadas enxovalhando a memória histórica do Congresso, aliás, como muitos outros integrantes atuais e anteriores.

Por esse motivo deve ser exemplarmente banido do convívio de uma Casa que já foi suficientemente manchada pela presença de tantos assassinos e ladrões. Fora Bolsonaro!

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2 ideias sobre “Um gorila à solta

  1. Aristides Mansur

    Cade a representação contra a BIBA do guspo ?
    Cade a representação contra os deputados da esquerda que louvaram os terroristas amigos da presidente Dilma, os quais assassinaram vários brasileiros ?
    Está na hora da política do
    OLHO POR OLHO DENTE POR DENTE.

  2. Zé Povinho

    O deputado deve ser expulso porque elogiou um torturador e o cara que cuspiu nele agiu bem, dentro da Lei? E aqueles que incitam a luta armada, as invasões de fazendas estes podem ficar? Menas ivan, demagogia demais vira palhaçada.

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