por Elio Gaspari
Quando foi que o PT perdeu o caminho de casa?
Talvez em 1997, quando Lula chamou de “asneiras” as denúncias de que havia roubalheiras em contratos de firmas de consultoria com prefeituras petistas. Desde então, Lula e o comissariado fizeram uma opção preferencial pelo acobertamento e pela cumplicidade em todos os episódios em que a moralidade foi ofendida. Foi assim com as propinas que provocaram a morte do prefeito Celso Daniel, assim foi no “mensalão” e assim o PT se comporta diante da Lava Jato.
Há um mantra em circulação: a honorabilidade pessoal de Dilma Rousseff está acima de qualquer suspeita. É verdade, mas pode-se aplicar o mesmo raciocínio ao general Emílio Médici (1969-1974). Ele foi um homem pessoalmente honrado. A ruína de sua biografia veio do campo da moral política. Médici nunca encostou a mão em ninguém, mas durante seu governo milhares de brasileiros foram torturados e mais de uma centena foi assassinada.
Para felicidade do Brasil, os crimes dos governantes mudaram de eixo e, durante o consulado petista, o demônio foi para o meio do redemoinho da corrupção e das suas alianças com larápios que votaram pela deposição da presidente.
Dilma era ministra de Minas e Energia quando um empresário narrou-lhe malfeitorias praticadas pela Petrobras. Ela respondeu: “Não posso me preocupar com pequenas ilegalidades”. Com o tempo, deixou de se preocupar com as grandes. Ela, Lula e o PT ficaram neutros contra a Operação Lava Jato. Esse foi um dos principais fatores de erosão da credibilidade dos companheiros. (O apoio de Temer à faxina do juiz Moro é coisa a ser conferida. Por enquanto, ele continua a ser um velho aliado de Eduardo Cunha.)
O resultado de ontem é uma derrota de Dilma, do PT e daquilo que se chama de esquerda. Como sair dessa?
Nos anos 1970, como Dilma, o uruguaio José (Pepe) Mujica estava na cadeia. Em 2010, Pepe elegeu-se presidente. Continuou vivendo na modesta chácara das cercanias de Montevidéu, dirigindo seu velho Fusca e brincando com Manuela, sua cachorra de três patas. Basta olhar para seu exemplo.
*Publicado na Folha de S.Paulo
A ideologia do senhor Pepe não é legal, mas, a partir de ontem inicia-se uma nova história a página negra foi virada a partir dos movimentos de rua da sociedade de bem e esta sociedade se organiza com a consciência da cidadania, da moralidade e da ética política e estas questões serão permanentemente monitoradas e não serão mais aceitas aquelas que atentem aos bons princípios de nossa cultura e das gestões públicas.
A primeira batalha foi ganha e esta guerra também será !!!
Já que o texto de Gaspari menciona o mantra da honorabilidade de Dilma, convém que alguém pergunte a ela, ou, se não lhe for perguntado, que alguém esclareça aonde foram parar os 2 milhões de dólares de 1965, ou 20 milhões de hoje, que o bando dilmista assaltou do famoso cofre do Ademar. Ora, dirão todos, os dinheiros assaltados foram para a reação ao regime militar! Aí, então, fico pensando: puxa!, projete-se o valor de 20 milhões de dólares na estrutura militar nacional da época e veremos que era dinheiro para fazer uma guerra internacional. Como nada aconteceu, para que bolsos foram destinados esses dólares? A isto denominamos honorabilidade?
Posso não ler pela cartilha do Pepe Mujica, mas pelo menos ele só governou não se preocupando em roubar ou deixar roubar. Infelizmente a querida companheira Dilma não roubou mas fez vista grossa para a roubalheira. Ela, igual ao seu criador, o 51, nunca soube de nada, vai pagar por isto, nunca viu nada, está precisando de óculos e nunca ouviu nada, só elogios dos puxa sacos. Então deu nisto aí, vai ficar brevemente sem emprego, igualzinha ao Pepe Mujica mas com uma grande diferença, ele governou e saiu do governo sem fama de ladrão. A querida companheira vai sair do Governo com fama de má gestora, e isto ninguém vai conseguir tirar dela.