12:28Embarque na outra frota, Alexandre

por Rogerio Distefano

Tudo tem um limite. Que Caetano, Gil, Chico Buarque, mais alguns globais de pouca audiência e contratos por safra defendam Dilma, a gente, que goza na coxinha, aceita. Ainda vivemos o trauma de Regina Duarte, que pediu voto contra na primeira eleição de Lula e acabou traumatizada devido à reação pré mortadela. Os mais antigos louvam a postura de Roberto Carlos, que em 50 anos de carreira nunca deu opinião política, seja contra, seja a favor.

O máximo que Roberto fez durante a ditadura militar foi a canção para Caetano exilado em Londres, ‘Debaixo dos caracóis de seus cabelos’, tão neutra e anódina que as próprias bandas militares tocavam nas paradas. Roberto Carlos considera que seu público está em todas as faixas do CD cívico. Daí não favorecer nenhuma música em particular.

Tudo tem um limite. Seja a corrupção do mensalão, seja a banda podre da corrupção votando contra Dilma, seja – e é o que interessa aqui – o ator Alexandre Frota a requerer o impeachment da presidente. O cara não sabe ainda ao que veio na vida. Começou marido de Claudia Raia, quando ator da Globo. Separado, partiu para as tatuagens integrais, o anabolizante muscular e tornou-se astro pornô.

Sem jamais chegar perto de Kid Bengala, ícone indisputado na indústria pornô, Alexandre Frota fez filmes memoráveis no gênero, apesar das transas pastosas, sempre indiferente às fogosas e incansáveis parceiras, que punham em cena os mais complexos elementos da ‘memória emocional’, celebrizada no treinamento do Actor’s Studio, que formou gente do nível de Marlon Brando, para citar um só. Em seus filmes, Frota parecia dopado, um Stanislavski brucutu de ereções murchas, ainda que provido com o indispensável Viagra para encarar os holofotes e a equipe de filmagem.

Diga-se em favor de nosso astro, que Frota estrelou dois filmes com um travesti, que, este/a sim, se Oscar houvesse para a modalidade, ganharia o de melhor ator/triz. Hoje Frota está na TV Record, astro de novelas de extração moral evangélica. Se Alexandre Frota faz de sua vida uma frota de desenganos é problema dele. Mas com tal currículo Alexandre Frota desmerece a militância coxinha – a que aderiu sem convite nem cantada. Não sei como Dilma/Lula/Cardozo não tiraram proveito desse acompanhante na jornada coxinha.

Não é preconceito contra o cinema pornô, tão útil para anciães casados, como o ator Francisco Cuoco que assume assisti-lo para antecipar o amor que fará com a mulher décadas mais jovem, tão mais útil na coleta do fluido vital em clínicas de fertilidade. Pornô, sem pedofilia, sadomasoquismo ou maus tratos a animais e vegetais chega a ser educativo. Acontece que, conturbado como está o ambiente político no Brasil, Alexandre Frota bem podia ter escolhido o lado mortadela. Afinal, mortadela tem mais a ver com sua cinematografia.

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