Flerto. Aonde você me leva não pode me trazer de volta. Ficam as sobras nas Saudades em volta. Em quem fica. Não eu. Estarei ausente, em você. Mas eu flerto. Porque padeço. Porque pareço. Com você me esqueço. Curioso de mim, quero o que já não serei. Em você serei mais eu. Repito todo o meu Amor para esvaziá-lo. Para renovar a alma. Mas repito já avisado de que você está indisponível. Você falta. Porque não consigo você em completude. Minha alma tem buraco ou você tem um não-preenchido espaço? Somos dois ausentes que têm ardência. Não presença. Presença é coisa de quem não sente falta. Eu sinto você bem aqui. Se amo sem medidas ficarão feridas. Flerte dói, mas não fere. Amor é tanto que guardo dentro de você, para não me perder. Flerte. No lugar onde o que eu quero se insere. Só posso ter o flerte. Ele substitui a sua falta. O flerte me mantém buscando você. O meu Amor é tão grande. No caso de eu encontrar você, que não existe (porque é uma mistura nossa), vai ter Amor espalhado por todos os lados. As pessoas em volta chocar-se-ão com Ele. Ficarão chocadas. Como ele pode ceder ao seu Desejo, se o que resta desse flerte é um vazio de imensidão? Você estará em tudo. Você não está em você. Flerto, logo espalho você por aí. Um olho, uma busca. Uma ausência, uma bússola.