7:15AVALISTA DOS PLANALTOS

NOME PROFÉTICO          Ontem amanheceu pichado o muro do prédio de Porto Alegre em que a presidente Dilma tem apartamento: “Quem matou Celso Daniel?”  Pergunta abusada e retórica, pois Dilma não tem nada a ver com isso. Importa o bairro do apartamento de Dilma. Por essas ironias da História chama-se ‘Tristeza’. Se adivinhasse que levaria o Brasil ao miserê atual, Dilma teria escolhido outros bairros de Porto Alegre. Como o ‘Bom Fim’, quem sabe o ‘Moinhos de Vento’. Para ela, tudo igual. Para nós, algum consolo.

REFRÃO CUCARACHA    O presidente gastou 16 milhões de dólares do orçamento público na reforma de seu sítio. Questionado, declara que a despesa foi legítima e não devolverá o dinheiro. Iniciou-se o movimento pelo seu impeachment.  Trata-se de Jacob Zuma, o presidente eleito da África do Sul, o terceiro desde a redemocratização. Ainda não se ouviu o grito de guerra, no refrão cucaracha do “impeachment sem crime é golpe”.

SE VOCÊ leva a sério a imprensa internacional sobre o Brasil, veja o que um jornal inglês disse do vice-presidente Michel Temer. O artigo fixa-se em dois pontos que merecem destaque. Primeiro, que nosso vice-presidente ostenta um “perfil gótico”. O jornal deixa-nos o trabalho de interpretar se os dois atributos qualificam ou desmerecem Temer para assumir a presidência na hipótese variável a cada dia de a presidente Dilma nos faltar no cargo.

A COMEÇAR pelo ser ‘gótico’, no dicionário pessoa de grande cultura e apurado senso artístico. O jornal que perdoe, mas de gótico o vice só tem o rebuscamento da arquitetura soturna e sufocante das Idades Médias. Cultura, até agora só mostrou a tradicional, discursiva e declamatória dos advogados. Veja-se o latinório da carta para Dilma, em que chora as pitangas de vice maltratado. Mas a carta contém alguns solecismos nada góticos.

TEMER ESCREVEU ensaios e o manual de Direito Constitucional, best seller nas faculdades brasileiras. O manual de Temer é como o vice: sem desvios, asseado, tudo no lugar, nada de desalinho. Mas contido, até tímido, sem ousar afirmações, avanços ou opções científicas. O professor que conhece direito constitucional seria bom presidente? Difícil dizer. Certo é que não tem um capítulo sobre governar com Eduardo Cunha e Romero Jucá.

O SEGUNDO DESTAQUE do artigo é Marcela, a mulher de Temer, quarenta anos mais jovem, bonita, ex-miss, com o nome do marido tatuado na nuca. Inglês não tem a malícia de sugerir que os qualificativos da primeira dama afastariam o vice das tentações de Brasília, que fizeram estragos em FHC, Renan Calheiros e naquele mandatário que, na ausência de sua primeira dama, viajava ao Exterior com a primeira secretária.

LAST BUT NO LEAST – derradeiro, mas igual ao primeiro, como dizem os ingleses – que diabos quer o jornal extrair da tatuagem na nuca de dona Marcela Temer, grafada com o nome do marido? Que é para todos saberem quem manda no heráldico pescoço? Para que Temer, no subitâneo olvido da exaltação amorosa, lembre-se do próprio nome? Seja como for, está na moda e nas melhores famílias, mas primeira dama tatuada não fica bem na foto.

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