6:46Cansaço e desânimo

por Célio Heitor Guimarães

Escrevi… quer dizer, ajudei Luiz Renato Ribas a escrever a história da revista TV Programas, que editamos nos idos de 1960/70, e, por decorrência, a história da televisão do Paraná, e já estou arrependido. Não sei se o livro-reportagem sairá – Ribas garante que sim. Mas perdi o ânimo. Ninguém o lerá, ninguém mais gosta de ler e nenhum interesse tem pela história. Imagine, então, por uma revistinha, feita inicialmente a facão, que chegou a ser presença semanal obrigatória nos lares curitibanos… A maioria de seus leitores já embarcaram para Alhures do Sul, como diria o poeta Antônio Carlos Karam. Os que ainda estão por aí, resistindo na casa dos 70/80, têm alguma ideia do Zorro, de Perry Mason, dos Cartwright, dos Intocáveis, de Odelair Rodrigues, do dr. Pomposo Ribeiro, do dr. Valcourt, mas não lembram bem quem foram.

Renato Mazânek, pioneiro da televisão do Paraná, que ajudou a criá-la, amamentar e colocar no mundo, é prova do que digo. Narrou a odisseia televisiva paranaense, da qual foi personagem destacada, em Ao Vivo e Sem Cores, edição própria, impressa com a ajuda de amigos. Contou segredos de bastidores, curiosidades armazenadas e a imensa luta dos pioneiros em um terreno completamente desconhecido até então. Quantos volumes o livro vendeu? Duzentos? Trezentos? Se tanto, adquiridos por amigos do autor e/ou companheiros da velha luta. Deveria estar presente em todas as bibliotecas públicas e nas das escolas de comunicação, pelo menos do Estado do Paraná. Não há interesse. Lá estão, certamente, Paulo Coelho, Augusto Cury, Preta Gil, Zibia Gasparetto, Pe. Marcelo Rossi e é o que basta.

A RPCTV, integrante do maior grupo de comunicação social do Paraná e descendente direta da Rádio e Televisão Paranaense, o velho Canal 12 de Nagibe Chede, sabe como, onde e por quê nasceu? De onde veio? Sabe que foi a grande pioneira do Paraná, em termos de televisão, aliás uma das primeiras do Brasil? Talvez saiba, mas dá muito pouca importância a isso. São só detalhes.

Tenho vários conhecidos e alguns amigos no atual elenco da RPCTV. Respeito-os e admiro o trabalho que fazem. Mas duvido que saibam quem e o que passou pelo mesmo vídeo antes deles. O último que sabia, o Rubens Vandressen, acaba de se aposentar. As preocupações das novas gerações agora são outras.

Por isso e pelo fato de o público haver desviado o foco de sua atenção e de seus interesses, de olho colado no iphone e no whatsapp, estou achando – desculpe-me, meu bom Luiz Renato – que a nossa “obra” será mais uma fadada ao fracasso. Não obstante possa ter o prefácio de José Carlos Fernandes, honra e glória da imprensa paranaense. Não vamos chorar por isso. Fizemos a nossa parte. A história da mais importante publicação da imprensa paranaense, feita com carinho, dedicação e seriedade, está lá. Alguém precisava contá-la, para que não se perdesse para sempre. Apresentamo-nos para isso. Fizemos o registro. Ele está feito.

Também a trajetória da televisão curitibana/paranaense, com base no que foi publicado por TV Programas, em tempo real, por ocasião dos acontecimentos, foi anotada. Ainda que vá servir apenas para análise de futuros arqueólogos, valeu a pena fazê-lo.

Só não aguento mais falar nesse assunto!…

 

 

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8 ideias sobre “Cansaço e desânimo

  1. Bittencourt

    Meu admirado Célio: concordo apenas com uns 2% do que você diz. Os outros 98% estão de acordo com a importância que o relato (seu, do Luiz Renato e do Mazânek – velho de guerra) merece. Acrescento um item da maior importância ao quesito. O livro deveria ser adotado no ensino Médio e nos cursos de Comunicação. Sim, e nas aulas de português, que é para essa gente aprender a escrever. Na faculdade, então, para saber a ordem das palavras no ritmo da matéria e da narrativa.
    Receba, pois, uns 10 punhados de confetes e um forte abraço.
    Bitte

  2. TOLEDO

    Sr. Celio, eu acho que se são poucos os que se interessam porem logo serão muitos, porque os mais jovens precisam aprender com a história. Estamos a beira de uma catastrofe.|De um Golpe que tem na midia a maior participação. Na época da TV Programas, precisava muto talento, agora o pessoal acha que o dinheiro compra, e compra tudo, basta não ter escrupulos. Parabéns pela iniciativa.

  3. walter

    Célio. Não desanime. O mais importante está feito, que é a escrita do livro. A memória está registrada e essa é a parte mais trabalhosa – e mais saborosa – da grande tarefa. A materialização em forma de livro virá logo, com certeza. Conte comigo para a divulgação do livro. Parabéns pelo notável feito. A história do Paraná agradece.

  4. Célio Heitor Guimarães

    Bitte, elogio teu não vale, porque você é amigo que mora do lado esquerdo do peito. Mas agradeço o incentivo e recebo os confetes e o abraço com alegria. Toma lá também um forte abraço.

  5. Solda

    Como disse o amigo Bittencourt acima,
    “Recebam, pois, uns 10 punhados de confetes e um forte abraço”.

    Solda
    Leitor de TV Programas desde criancinha.

  6. Célio Heitor Guimarães

    O dito ao Bitte estende-se ao Walter (que presumo seja também Schmitd) e ao Don Suelda. Agradeço também ao Toledo, que, embora já tenhamos tido divergência de opinião, foi muito gentil desta vez.

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