O segredo nas divisórias
A Operação Publicano, que investiga cobrança de propinas por fiscais da receita do Paraná, aponta que parte do dinheiro teria sido destinada à compra de divisórias para o comitê eleitoral do governador Beto Richa, em Londrina.
Outras acusações poderiam ser relevadas, fazendo límpida a reeleição. Menos a compra de paredes divisórias. Não pela despesa ou a origem do dinheiro. É pelas divisórias em si e os segredos que, nos versos imortais de Herivelto Martins, ficam entre quatro paredes.
(I)mediato
O PMDB nacional fechou questão: afasta-se da base aliada de Dilma. Imediatamente. Entregar os cargos no governo, também questão fechada. Mediatamente. Ou seja, uma e outra ação não coincidem. Algo assim como levantar do banco do ônibus e viajar perdurado no corrimão – aquele do corredor, onde rolam assédios e pungas.
O porteiro e o filme
O PMDB deixa o governo, os ministros do partido devem deixar os cargos sob pena de expulsão. Michel Temer, presidente do partido e vice da república permanece no governo. Como entender? Ainda no governo FHC, então senador Antonio Carlos Magalhães comparou Michel Temer a um “porteiro de filme de terror”. O filme vai começar.
Efeito Orloff
Eduardo Cunha controla o seu impeachment e de quebra atua para apressar o impeachment de Dilma. Ela aparenta ser mais realista que ele; sabe o risco que corre, ele dança na beira do abismo. Ela ainda não disse, o assessor não lembrou, mas do jeito que vai, Dilma é o Cunha amanhã, o Efeito Orloff da propaganda. Se Dilma cair, PT, imprensa e movimentos sociais derrubarão Cunha. Até o STF será sensível ao pedido de afastamento de Eduardo Cunha protocolado pelo procurador geral da República.
Tudo a temer
Funcionou o desconfiômetro: Dilma cancelou a viagem a Nova Iorque para atender evento na ONU. Motivo de força maior, não entregar o governo a Michel Temer. Nada a Temer, tudo a temer. A continuar desse jeito, a presidente será refém do cargo, com receio de deixar o país.
Quem sabe faz a hora
Roseana Sarney, peemedebista de carteirinha recente, filha de José, peemedebista do tempo de Tancredo Neves, declara que o PMDB deixa o governo na hora certa. Aprendeu com a música, arranjo do maestro Michel Temer – “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
O jeito paranaense
No Paraná o PMDB não desembarcou do busão de Beto Richa. Sem sair da estação-tubo continuou a viagem, do expresso ao ônibus alimentador. Nem precisou aguentar sol, chuva e povão na longa fila que dobra a esquina da rua Benjamin Constant na troca do cartão-bilhete da Metrocard. Para não dar muito na vista apenas saiu do banco, agora na janela e mais perto do motorista – ou do piloto, se quiserem.