Quem derruba governo, sempre, é o andar de cima. No caso atual do Bananão, quem está no poder tem colaborado muito para isso, principalmente porque fez um estrago no bolso da ninguenzada de várias formas – com incompetência para tourear a crise econômica e demonstrações explícitas de corrupção, coisa que o outro lado também faz, mas com discrição. O povo na rua é, sim, sinal de democracia, mas faz parte de um jogo bem mais amplo e complexo. Ajuda a derrubar, sim, mas os cordões quase invisíveis da manipulação da situação estão aí, basta baixar o fogo da revolta para olhar. A eleição e a deposição de Fernando Collor de Melo foi assim. Na comparação há até o fato de ele e seu fiel escudeiro Paulo César Farias terem enlouquecido com a facilidade do roubo. Quando passaram a achacar diretamente os “mais mais”, caíram em desgraça. A degola ser creditada aos caras pintadas faz parte do script bastante divulgado pela chamada grande imprensa, que faz parte da coisa, para o bem e para o mal. Alguém aí lembra que até pouco tempo atrás os poderosos dos maiores bancos do Brasil saíram em defesa do atual governo, que era preciso ter calma e não pensar em derrubar tudo? Por que será? Talvez porque nestes 13 anos ganharam tanto dinheiro que estão entre os maiores do planeta, não é mesmo? Agora estão quietos. Vida que segue, só se espera que o estado de coisas não leve ao choque entre os que se manifestam de um lado e do outro. No mais, o país nunca acaba, apesar de seus principais protagonistas.