8:59Dossiê contra Moro

Planalto recebeu dossiê fajuto para atingir Sergio Moro

Passou pelo governo – e não foi abortada – uma tentativa de atingir o juiz, os promotores e os delegados da Lava Jato

As tentativas do governo de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato não tiveram como alvo apenas os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Para que o plano fosse bem-sucedido, era necessário também frear o trabalho dos delegados, dos procuradores do Paraná e do juiz Sergio Moro – os responsáveis pelo processo que desvendou o maior escândalo de corrupção da história do país, colocou na cadeia empreiteiros, políticos, lobistas e promove um cerco ao ex-presidente Lula. A presidente Dilma, ao que tudo indica, decidiu arriscar-se nesse terreno – e escalou para a missão o seu assessor mais poderoso: o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Ele tem em mãos um dossiê que acusa o juiz Moro de participar de uma conspiração com o objetivo de atingir o PT e seus líderes.

O documento, resultado de uma investigação paralela, foi entregue ao ministro no fim do ano passado. Com o pomposo nome de “Relatório de Inteligência”, ele traz um organograma do que estaria por trás das investigações da Lava-Jato. É um trabalho digno de “aloprados”, como Lula definiu em 2006 os petistas que compraram um dossiê fajuto para tentar envolver o tucano José Serra, então candidato a governador de São Paulo, numa quadrilha que desviava verbas do Ministério da Saúde. Na época, a Polícia Federal desmontou a farsa e prendeu em flagrante a arraia-miúda responsável pela falsificação, mas, de novo, os mandantes conseguiram se safar. Desta vez, os mentores do plano têm nome e sobrenome.

No fim do ano passado, Jaques Wagner recebeu em uma audiência no Palácio do Planalto dois policiais federais ligados a sindicatos que representam a categoria. A audiência não foi registrada na agenda do ministro. O cuidado tinha explicação. Os agentes foram levar um dossiê de seis páginas que acusa o juiz Moro, os procuradores, os delegados da Operação Lava-Jato e até os advogados de réus que decidiram colaborar com a Justiça de estarem todos a serviço de um grande plano do PSDB para implodir o PT e o governo. Um diagrama com fotos anexado ao dossiê tenta estabelecer essas conexões. O esquema mirabolante envolve na trama até mesmo uma multinacional “interessada” em destruir a Petrobras. O portador do documento foi o policial Flávio Werneck, presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal (Sindipol) e vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). A audiência foi acompanhada pelo também petista Tião Viana, governador do Acre.

Procurado por VEJA, Werneck admitiu que levou o dossiê ao ministro. Ele explicou que apresentou o caso ao Planalto por se tratar de uma denúncia grave, num momento delicado pelo qual passa o país. “Temos um problema de anacronismo na investigação, que já tem dois anos e vem pegando pontos-chave de empresas e do governo. Isso afeta diretamente a economia”, explicou o agente. Jaques Wagner, depois de ler o con­teú­do, teria dito apenas que encaminharia o dossiê para “um promotor baiano de sua confiança dar sequência ao assunto”. Os sindicalistas aproveitaram a reunião para pedir reajuste salarial e repisar outras reivindicações da categoria – reivindicações que o ministro se comprometeu a atender.

O envolvimento do chefe da Casa Civil numa operação desastrada para obstruir as investigações é mais uma grande dor de cabeça para o governo. Na semana passada, Jaques Wagner recebeu da presidente Dilma Rousseff carta branca para escolher o substituto de José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça, pasta à qual está subordinada hierarquicamente a Polícia Federal. O eleito de Wagner para a vaga foi o promotor baiano Wellington Lima e Silva, até então uma figura desconhecida nacionalmente, mas famosa na Bahia por uma longa folha corrida de serviços prestados ao PT e ao hoje ministro da Casa Civil. A troca acontece no momento em que as investigações apontam para conexões do escândalo na Bahia. A polícia colheu indícios de que dinheiro desviado do petrolão pode ter financiado em 2014 a campanha do petista Rui Costa, sucessor de Wagner no governo. Uma nota fiscal apreendida revelou um repasse de 255 000 reais da OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo, para a empresa Pepper Comunicação. Os investigadores já sabem que houve uma simulação de prestação de serviço. O dinheiro, na verdade, teria sido remetido clandestinamente para saldar dívidas da campanha do PT na Bahia. A substituição de Cardozo também chamou atenção por ter acontecido às vésperas da ação da Lava-Jato contra o ex-­presidente Lula, de quem Wagner é um fiel escudeiro.

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9 ideias sobre “Dossiê contra Moro

  1. Fausto Thomaz

    No mínimo foi o Silvestre que datilografou enquanto o Toledo fazia massagem nos seus pés….fumando um cubano e tomando seu Romanne conti

  2. Parreiras Rodrigues

    Então se subentende que se trata de uma chantagem – tanto sórdida quanto primária. Emporcalhar a imagem de alguém para ver o salário aumentado. Mas que vigários…

  3. SFU

    Alguém deve explicar, ou desenhar, para esses desmiolados, irresponsáveis e, esses sim, anacrônicos policiais federais (com letra minúscula) que a questão não é apenas econômica, ela maior e mais profunda. A crise econômica, gerada pela corrupção lulopetista que desmantelou a economia e, especialmente, a PTROuBRÁS, é possível de recuperar logo, em poucos anos, num lustro, ou numa década, agora, a reestruturação ética e moral dos nossos cidadãos comandados e comandantes dos diversos estamentos governamentais, possivelmente ocupará uma geração que, normalmente, entendemos por 25 a 30 anos. TUDO ISSO DESTRUÍDOS EM 13 ANOS DE UM GOVERNO DE UM PARTIDO, CASUALMENTE NUMERADO COMO 13. Ou, talvez, que deveria ser numerado por 171.

  4. Sergio Silvestre

    Afhh,duro lidar com QI abaixo da média,que tem uma conspiração contra o PT e a presidente só idiotas não vê ora,é clatro que arma se uma frente de procuradores,magistrados etc e o grito dos ricos.
    Ontem em frente a casa do Lula dava para ver quem era petista e quem era reacionario,os caras todos de tênis e roupas caras,enquanto os petistas ,a ralé .
    O que aquele procurador albino de bigodinho fino parecendo magico,era só olhar para que o cara dizia era um tucano enrustido e ali se alguém perguntasse por que supostamente as palestras do Lula não tem validade,e por que supostamente acham o Lula culpado,eles enviaram um exercito para levar o homem ao aeroporto para falar meia hora com um delegado.
    Putaria isso né,que voces acham precisava tudo isso ou era para as noticias da sexta que estavam secando continuar a todo vapor,E uma cambada de calhordas isso sim

  5. juca

    Só faltou um pat de algemas. Ah ! e uma mordaça , pois assim ele não falaria tanta merda.
    Pior que o Chiconlula é mesmo só a mosquita Zica da Dilma.

  6. Sergio Silvestre

    O Moro deve ter se arrependido quando a tchurma de Curitiba resolveu espetaculizar em cima do Lula,tanto que sua popularidade deve ter subido muito nesse final de semana.
    Acho que agora os raivosos procuradores e delegados Aécistas estão batendo suas carecas contra a parede por esse tiro no pé.
    A imbecilidade dos caras foi tanta que nem os noticiosos internacionais mostraram,tál a cena patética de um exercito comandado por alguma aloprado tentou dar satisfação para a revista VEJA e a sonegadora GLOBO,.
    Noto na saliva densada dos palpiteiros de blogs em geral que seu humor carnívoro aumentou e a baba escorrendo pelas beiçeiras da-se a impressão que precisam ser vacinados urgente,.

  7. cético

    O Silvestre tem razão: “É duro lidar com QI abaixo da média”, mas é tolerável. Agora, quando junta-se o QI abaixo da média com o fanatismo ideológico, fica INSUPORTÁVEL aguentar tal cidadão, uma vez que o mesmo passa a pensar que pensa.

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