de Dalton Trevisan
Vê-lo, de verde gaio vestido, é amá-lo. Chamado pelo título – General Pierrô! Ergue a cabecinha. Que lhe coce o papo amarelo, incahado de gôzo. Pela casa aos pulos atrás dela.
No tapete novo larga tirinha bem preta. Ela o ensina que não suje fora da caixa de sapato, onde se recolhe às nove em ponto.
Todo dia para ele caça o maior número de moscas; gentilmente, arranca uma e outra asinha, antes que fujam. Guloso, quer no mínimo vinte, das gordas, um fraco por varejeira azul. Naquele inverno a busca desesperada de mosca. O general definha, pálido. De carro leva até o banhado, ela também mosquinha de asa perdida.
– Tiau, meu pobre Pierrô.
Foge sem olhar para trás. De noite, chorando, ouve os saltos em volta da cama.
O mesmo encanto de um jardim florido,pássaros coloridos e um céu anil,é o mesmo de um pântano lúgrebe com aves de rapina e um céu cinza carrancudo.
Tudo é uma questão de ponto de vista.