17:55ZEN-VERGONHA

de Aldir Blanc

Sobre o coqueiral, lua
E um violão:
pronta a cenografia de segunda mão
da Zen-Vergonha
Vivo nessa praia:
Sou da Baixada Fluminense e do Himalaia
O infinito vale tudo ou nada:
a escopeta é o zenbudismo da Baixada
O torniquete, o pau-de-arara e a saraivada
– minha aura toma e dá porrada
Me finjo de Alan Delão mas na realidade
nessa terra é tudo Zé Trindade
Lente de papel
última sessão:
vermelho e verde na terceira dimensão
e um trapalhão
que é Dedé, Mussum
ou Zacaria entrando em fria
gira e cai
no caldeirão
Peixe, camarão
dendê, farinha
que tá podre mas tá bão.
Hermeto é mito! É guerra e paz. Qual é a realidade
se há sempre um sonho que me invade?
O meu pirão é transreal
por isso não desanda:
Canguru é um bicho com varanda
Zen-Vergonha é assim, assim:
muito curumim vende pó e cola
raspa, raspa e o camarim
fica cheio assim de tupiniquim

Aqui a Yoko rala um coco e joga ioiô,
O Lennon veste um terno branco e é gigolô
e o último há de ser o primeiro:
a zonza da cigarra,
o oco do cajueiro
e a revolta ainda maior:
Quem bebeu e bebe o meu suor?

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