por Claudio Henrique de Castro
Cientistas falam no derretimento das calotas polares. O clima esquenta e as estações mudam repentinamente.
Juristas falam do derretimento da moralidade. Sempre fomos imorais, dizem alguns; outros afirmam que nunca antes neste país fomos tão imorais.
Assim como o sorvete derrete, o sistema jurídico se deteriora. Por isso deve ser renovado, por isso deve ser atualizado constantemente – para não paralisar. Por esta razão temos que ter o poder Legislativo.
Personalidades e alguns canalhas fundamentais falam que “as instituições estão funcionando”. Será?
Ao custo de 25,4 milhões por dia o Congresso Nacional caminha trôpego.
Não há lideranças sem pingos de lama no colarinho, ou mais recentemente, manchas de vinho.
Em qual partido confiamos? Silêncio.
O olímpico Poder Judiciário, por sua vez, na mais alta preservação do contraditório e da ampla defesa, julga, determina diligências, devagar, paciente.
O Poder Executivo assiste na plateia, pensando nas próximas eleições, mas com cofres vazios pela baixa arrecadação e pela retração na economia.
O povo trabalha e aguarda a solução para a crise da corrupção e a vinda do bom velhinho, de barba branca. Lula? Não! Papai Noel.
Aguarda-se um salvador da pátria?
A volta dos militares? Não! Eles nem têm armas suficientes, pois o orçamento minguou e, além do mais, não foram eleitos.
Espera-se o carnaval, que ano que vem inicia-se 7 de fevereiro, para colocar máscaras, dançar e se embebedar até quarta-feira de cinzas.
Se tudo isto ocorresse na China, onde os políticos corruptos recebem pena de morte sumária, teriam que construir a esplanada dos cemitérios.
No Japão, todos os familiares tem que responder pelos bens desviados e, em regra, o corrupto se mata.
Na Itália, a Operação Mãos Limpas condenou mais de cinco mil.
No Brasil, nem chegamos a 50 condenações.
Uma longa caminhada histórica nos espera.
Algum dia, teremos instituições.
*Claudio Henrique de Castro é advogado e professor de Direito