Hoje tem manifestação a favor do impeachment Dilma Rousseff. No dia 16 acontece outra, contra a destituição da presidente. Não se sabe quantas pessoas vão às ruas. Nos respectivos dias, haverá aquela comédia da divulgação de vários números. Gente na rua contra ou a favor faz parte do jogo democrático. Quando não há isso, a polícia baixa o cacete a mando de quem está no poder. Se o grito influencia no que vai acontecer, é motivo de discussão. Se há manipulação e aproveitamento disso, com certeza. Dois pontos, contudo, sempre ficam nebulosos. O povão, povão participa mesmo da onda que invade as ruas dos centros das principais cidades ou seriam apenas aqueles que se acham mais esclarecidos politica e ideologicamente falando? O outro tem a ver com a manifestação que virou lenda – a que teria derrubado o então presidente Fernando Collor e que serve de exemplo hoje, com a diferença de que agora tudo é anabolizado pelas redes sociais. Naquela ocasião os jovens se pintaram de preto e vestiram luto, quando ele, com a corda no pescoço e alucinado, pediu que vestissem verde e amarelo, naquela jogada conhecida de patriotismo barato que, de certa forma, é repetida atualmente. Deu no que deu. O fanfarrão, é bom não esquecer, foi eleito pelo voto popular, esse mesmo que Dilma se esgoela para dizer que recebeu e legitima seu poder, coisa que não precisaria fazer. Quem inventou o caçador de marajás foi quem o destituiu, ou seja, a turma do andar de cima, com apoio da chamada grande imprensa, Rede Globo, como sempre, puxando a carruagem. Collor caiu porque enlouqueceu com o poder, junto com Paulo Cesar Farias, e se transformou num achacador barato das multinacionais e grandes grupos empresariais. Quando essa turma sentiu o drama, virou o cocho rapidinho. Os nobres do Congresso sempre seguem a trilha. Impicharam o presidente que, para quem não sabe, foi inocentado das acusações anos depois pelo STF e hoje está aí, ao lado dos… dos… petistas, como senador da República. Entre aquelas manifestações e as recentes, o que mudou foi que, pela primeira vez na história do país, gente graúda foi para a cadeia, pelo que sempre fizeram em parceria com os que estavam no poder, seja de que lado se declarem politicamente e jurem honestidade, como sempre. Nisso tudo não há mocinhos. Há alguns mais espertos do que outros. Manifestar é preciso e legítimo, mas olhar quem está batendo o bumbo também.