15:21Lerner, no New York Times: ” Os carros são os cigarros do futuro”

O arquiteto e urbanista Jaime Lerner publicou um longo artigo nesta semana no jornal New York Times. Os trechos abaixo foram reproduzidos pelo jornalista Aroldo Murá em sua coluna no ICNews. O tema foi “Como construir uma cidade sustentável”. O link com o texto na íntegra, em inglês, segue abaixo:

– Se a maioria da população mundial vive em cidades, e as atividades urbanas têm um largo impacto ambiental, é delas que virão as soluções para o meio ambiente.

– Creio firmemente que as cidades podem prover as soluções para os desafios com que elas se defrontam e nós nos defrontamos; que cada cidade, independente do seu tamanho e riqueza, pode significativamente implantar (as soluções) em dois ou 3 anos; e que são elas o último refúgio de solidariedade da nossa sociedade.

–  As cidades devem ter prioridades sobre os carros; as pessoas devem ter prioridade sobre os carros; carros têm sido produzidos por pouco mais de cem anos, mas o espaço que eles têm tomado e o total de infraestrutura que demandam são extremamente altos.

– Os carros são os cigarros do futuro.

– Carros ocupam mais espaço que qualquer ser humano. E, em média, o espaço para estacionamento de um carro ocupa 25 metros quadrados. Ora, seu carro ocupa 25 metros quadrados nas proximidades de sua casa: Se você o dirige para o serviço, ocupa outros 25 metros quadrados nas proximidades de seu trabalho, isso significa que um total de 50 metros quadrados são imobilizados para o estacionamento do veículo.

– Pense, por outro lado, nos incríveis benefícios se, pelo menos, parte dessas áreas fossem usadas para combinar casa e emprego; e fossem (esses espaços) apropriados pelo pequeno edifício de negócios comunitários, como padarias, cafés, livrarias, floriculturas e escritórios, ou por pequenos parques verdes.

– A prioridade pela mobilidade urbana deveria prover um confortável e seguro uso do transporte público. Cada modal (trem, metrô, ônibus, taxi, bicicleta) deve operar otimamente e estar integrado numa “network do trânsito.

– Minha crença é que o futuro do transporte público repousa em sistemas como o Bus Rapid Transit (BRT), identificado por alguns como “metrô de superfície”. (…)

– Por causa de sua boa performance o BRT (é mais barato que construir metrô) e com flexibilidade para implementação. É o sistema que começou na cidade brasileira de Curitiba em 1974, agora está em cerca de 200 cidades mundo afora, incluindo Bogotá, Seoul, Istanbul, Beijing, Rio de Janeiro e muitas outras deverão adotar o BRT”.

– Eu vejo o BRT, no futuro, tornando-se um sistema movido por veículos a eletricidade, pneus, correndo em faixas exclusivas, reabastecendo-se em cada parada”.

– A cidades devem oferecer esperança, não desespero. O senso de identidade dividida, o sentimento de pertença a um lugar específico amplia a qualidade de vida. A cidade deve prover pontos de identidade aos quais as pessoas podem se referenciar e conectar – rios, parques, edifício públicos.

– Uma cidade não pode ter guetos, com áreas de ricos e pobres, ou para pessoas de grupos étnicos específicos, ou grupos de certas faixas etárias. Muros e cercas são barreiras ilusórias de proteção: segurança deve existir em função do respeito e da civilidade, que derivam garantir a integração e coexistência.

– A procura pelo consenso absoluto pode se dirigir para um estado de paralisia.

Para ele, “democracia não é o consenso, mas permanente conflito que a sociedade tem de arbitrar com grande sensibilidade. Políticas de longo alcance devem ser ajustadas por meio de constantes feedback do povo”.

http://www.nytimes.com/2015/12/07/opinion/how-to-build-a-sustainable-city.html?emc=edit_ty_20151208&nl=opinion&nlid=32269818

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5 ideias sobre “Lerner, no New York Times: ” Os carros são os cigarros do futuro”

  1. Beto

    – Carros ocupam mais espaço que qualquer ser humano. E, em média, o espaço para estacionamento de um carro ocupa 25 metros quadrados. Ora, seu carro ocupa 25 metros quadrados nas proximidades de sua casa: Se você o dirige para o serviço, ocupa outros 25 metros quadrados nas proximidades de seu trabalho, isso significa que um total de 50 metros quadrados são imobilizados para o estacionamento do veículo.

    Erra feio nas contas o pai do pedágio. Um veículo médio utiliza para estacionar com folga, uma vaga com medidas de 2,5mts larg. X 5,0mts comp. = 12,5 metros quadrados.
    Os 25 metros quadrados por vaga, são com o quê???

  2. Beto

    O pai do pedágio ( grande negócio) tem seguidores baba ovo fiéis.
    Repete a mesma ladainha desde os anos 80 do século passado.
    Esqueceu do Plano Agache para Curitiba?
    Ué, esqueceu o TucTuc ou outro nome do veículo de uso individual “revolucionário” por “elle” anunciado? Bilhões em incentivos fiscais para a indústria automobilística, que quando acaba o prazo vai embora?
    Esqueceu os bilhões investidos PM Curitiba em infraestrutura para “segregar” os ricos no Ecoville?
    Esqueceu dos milhões do caso Copel/Olvepar?.
    Falta de compreensão e recalque? Lucidez!

  3. Silvio - Veteranos da Estrada

    ” isso significa que um total de 50 metros quadrados são imobilizados para o estacionamento do veículo.”

    Na verdade, mesmo que fosse esse microonibus de 7 metros (com espaço de folga para manobras de 1,3 metros na frente e 1,3 metros atrás) ele jamais ocuparia os 50 metros quadrados alegados. Ou seja, ele sempre ocuparia os 25 metros quadrados, uma vez que este espaço é compartilhado e ele não pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Óbvio que quando o veículo não está em um espaço público então o espaço ocupado, pelo menos no que tange o interesse social, tende à zero!

    Quanto ao Lerner, será que ele gostou tanto assim da metodologia matemática do Lula para contar crianças abandonadas, técnica embregada para arrancar aplausos dos franceses?

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