8:01Cenas de chantagem explícita

por Bernardo Mello Franco

A Câmara virou palco de cenas de chantagem explícita, transmitidas ao vivo pela TV. Com o mandato em risco, o deputado Eduardo Cunha ameaça abrir um processo de impeachment contra Dilma Rousseff se o PT não salvá-lo da cassação.

O peemedebista é alvo de acusações graves. Foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal, sob suspeita de embolsar propina do petrolão, e omitiu dos colegas quatro contas milionárias na Suíça, das quais agora se declara “usufrutuário em vida”.

Outros deputados foram cassados por muito menos, mas Cunha usa a presidência da Câmara como arma de defesa. Escolhido por 267 colegas, ele tem o poder de acolher ou rejeitar pedidos de impeachment contra Dilma, eleita com 54,5 milhões de votos.

A chantagem foi escancarada na semana passada, quando o peemedebista declarou estar pronto para decidir sobre o assunto. O Planalto acusou o golpe, e passou a pressionar os deputados petistas a salvarem o desafeto no Conselho de Ética.

O paraense Zé Geraldo, que já havia prometido votar a favor do processo contra Cunha, disse ontem que está disposto a um “sacrifício pelo país”. O recuo pegou mal, e ele tentou se explicar: “O governo está sendo chantageado. A metralhadora está na mão do Cunha. Nós seremos os culpados pelo impeachment?”.

No Twitter, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido não deveria topar o cambalacho. Como o Planalto está no jogo, ninguém acreditou. “Ele disse isso para dar satisfação à militância”, apostava um aliado no plenário. Se quisesse ser levado a sério, Falcão poderia defender a expulsão dos deputados que ajudarem Cunha, como acaba de fazer com o senador Delcídio do Amaral.

O PT tem boas razões para recusar a proposta indecente. A imagem da sigla já está à beira da morte, e uma aliança com Cunha pode servir como pá de cal. Além disso, a chantagem não é um meio confiável de negociação. Quem se submete hoje é candidato a virar refém de novo amanhã.

*Publicado na Folha de S.Paulo

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10 ideias sobre “Cenas de chantagem explícita

  1. Carlos Ernandes

    Texto tendencioso, de um esquerdista perturbado pelos acontecimentos. Quer atenuar a situação do petismo, tentar salvar o que já morreu. Se é indecente a proposta para salvar o ” bandido” Cunha, o que podemos adjetivar quando aos outros, como Dilma, Lula, e os presos na Lava Jato?
    @/@/@/@///@/@-.@ssaargpqp

  2. Clint Eastwood

    O que este cara quer dizer com este monte de bobagens, que uma mulher que teve 54 milhões de votos não pode perder o mandato? É isto? E um cara que foi eleito pelos seus colegas de emprego não tem a legitimidade para iniciar um processo de impeachment? Que loucura é esta, gente. Em que país estamos vivendo? O presidente da Câmara não está a altura do cargo bem como a sua homônima na Presidência da República, o lugar de ambos é na rua e não aonde estão hoje.

  3. Sergio Silvestre

    Imagine aqui no Brasil do Jeitinho brasileiro se a moda pega em todos que são eleitos uma parte da burguesia não gosta ai começam uma conspiração e trocam,.
    Ai vai sim ficar uma republica de bananas,onde alguém eleito pode ser tirado na marra mesmo que nada tenha contra ele só por capricho de uma parte abastada que quer mudança,mas e a maioria gente.
    Quer dizer que querem democracia,querem preços de mercadorias livres,querem as escolas e universidades livres ,querem as estradas sem muitos carros e querem o pobre como ele sempre esteve,fudido.
    Vão caçar o caminhão que vocês caíram,todos que reclamam do governo é por que não tem uma boquinha nele,e cá pra nós,depender do CÚnha como o fiél da balança da democracia é pra acabar,num Pais serio um sujeito que ao vivo e a cores boicota o congresso para seu proveito tem que ser execrado.

  4. cético

    Mas o importante é que daqui a pouco o Toledo vai fazer um comentário explicando que a imprensa entreguista e golpista, aliada à direita conservadora do congresso estão querendo tirar uma Presidenta legitimamente eleita, a qual, tem todo o direito de realizar qualquer tipo de acordo, com quem quer que seja, para resguardar um projeto político popular e progressista, que defende legitimamente os interesses da classe trabalhadora. Projeto político que não é compreendido pela ignóbil massa de “coxinhas”, apesar de todos os esforços dele (Toledo) e do Silvestre em explicá-lo, diariamente, neste Blog.

  5. cético

    Puts. Errei. Foi o Silvestre (e não o Toledo) que tentou explicar o projeto progressista e popular do Governo Dilma. Este se limitou a chamar todos de coxinhas. Até que eles não são tão previsíveis como pensei.

  6. Carlos Ernandes

    Cético: a esquerdalha, quando pega, parte para a ignorância, sem argumentos da realidade.
    Eles não assumem nada do que está aí. É a velha tática de Maniqueu, os marxistas são incorrigíveis, vão morrer negando o que fizeram.

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