11:41Casamento reatado no sofá

por Sérgio Brandão

O sofá não é mesmo minha arquibancada. Não há conforto, não há lugar melhor que a arquibancada se o espetáculo é uma partida de futebol. Nada se compara ao cimento gelado, muitas vezes molhado. Nada como o pipoqueiro passando na sua frente, bem na hora do gol, do moleque irrequieto sentado à sua frente.

Futebol sem torcida, sem grito, dos cantos de guerra não é futebol. É como dançar com a irmã, levantar numa segunda-feira no primeiro dia de férias, sem dinheiro no bolso, sem nada pra fazer.

Só podia ser este STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) pra inventar uma punição destas. Coisa de quem não gosta de futebol. Coisa de quem nunca viu futebol, com outros olhos que não seja o da política e dos interesses. Onde já se viu impedir uma torcida de apoiar, de ver o seu time? Se o mundo mudou nos últimos anos, muito mais que num século inteiro, o futebol continua o mesmo desde que foi inventado – e precisa começar sua mudança pelos seus comandantes.

Mesmo assim, sem poder ver seu time ao vivo, a torcida do Coritiba respira aliviada, quando também já providência a canonização de um novo santo: Bendito Henrique Almeida, que como Joel, no ano passado, salvou o Coxa da degola, como Deivid, há dois anos,fazendo o mesmo! Henrique Almeida é o cara da vez!

Junto com a estátua que está para ser levantada para Kruguer, pelos seus 50 anos de clube, sugiro que mais duas sejam levantadas no Alto da Glória, mas estas dentro dos gabinetes da diretoria: uma para Henrique Almeida e outra para Pachequinho. Para que os dois nomes sejam reverenciados por dirigentes, a cada início de trabalho, todos os dias. Os dois precisam ser lembrados eternamente por esta diretoria que acertou sem querer. Pacheco e Henrique, ao lado de Wilson, simbolizam os três únicos acertos de uma série de patetadas e equívocos cometidos o ano todo.

Ainda restam duas rodadas e com o andar dos fatos creio que o sofrimento terá requintes de crueldade até o fim.

Mas agora acredito já ser possível acreditar em algo melhor que a segunda divisão, ano que vem.

Juntei a toalha que andava jogada num canto, retomei os betes e acredito neste novo espírito que se confirma e que ganha um nome: Pachequinho.

O novo Coritiba de Pachequinho que mesmo tropeçando e debaixo de muita água, venceu o Santos.

O nome salvador tinha mesmo que ser no diminutivo, do tamanho do problema, que nem era assim tão grave no começo do ano, mas que com a sucessão dos  tantos erros, perderam o controle e transformaram um probleminha num problemão. Foram deixando pra lá, foram se acomodando e quando perceberam, não havia outra solução se não fazer o que todos diziam há meses. Sai Ney Franco, que venha outro. Veio o pequeno Pacheco.

Parece que  Pachequinho tem tudo para coroar uma fase  inesquecível, a pior delas nestes últimos 10 anos do Coritiba. O ano que nem o mais otimista Coxa-Branca acreditava em milagres.

Mas parece que ainda tempo de fechamento de um ciclo negro para os Coxas.

É que além da incompetência, a maior prova disso é a sorte que faltou durante o campeonato todo, agora anda se aliando ao Coritiba e ao comando de Pacheco. O gol perdido pelo Santos por exemplo, no final do jogo, as bolas na trave de Wilson, dizem isso.

O casamento que sempre houve entre o time e torcida, parece ter sido retomado. Nada como um bom e confortável sofá para arrumar a casa.

Há uns dois meses, a situação deste domingo, de jogar sem torcida, seria comemorada pelos jogadores, tamanha era a falta de entendimento entre ambos. O casamento entre torcida e time está reatado.

Agora, já temos tudo para acreditar que sairemos desta. Problemas, causas e responsáveis, devem ficar para uma conversa nas festas de fim de ano. O novo espírito de vitória, de mudança que chegou há três rodadas, precisa ser incorporado por todos. Torcida e comissão técnica, para salvar o Coritiba.

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