9:42“Como tias velhas na hora do chá…”

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É possível que seja a mais perfeita definição da brasileira Rede Globo de Televisão: “TV irrealidade que ilude o Brasil”. Partiu do International New York Times.

A colunista da edição internacional do tradicional jornal norte-americano Vanessa Barbara (que também assina coluna em O Estado de S.Paulo) se diz assustada com o tamanho da assistência da maior emissora de televisão do Brasil: 91 milhões de telespectadores, quase a metade da população brasileira (“o tipo de audiência que, nos Estados Unidos, só tem uma vez por ano, e apenas para a emissora detentora dos direitos de transmitir a partida do Super Bowl, a final do futebol americano”.

No entanto, considerando que as maiores atrações da emissora sejam a teledramaturgia e o jornalismo, lamenta que todo esse poder de “maior empresa de mídia da América Latina” seja utilizado para cativar os telespectadores “com novelas vazias e comentários ineptos no noticiário”.

Vanessa confessa que se dedicou um dia inteiro à programação da Globo, “para ver o que podia aprender sobre os valores e ideias que ela promove”.

A partir dos noticiários matutinos, inferiu que “não há nada mais importante na vida do que o clima e o trânsito”. Explica: “O fato de a presidente da República, Dilma Rousseff, enfrentar um sério risco de impeachment e de seu principal oponente político, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, estar sendo investigado por receber propina, ganha menos tempo no ar do que os detalhes dos congestionamentos. Esses boletins são atualizados pelo menos seis vezes por dia, com âncoras conversando amigavelmente, como tias velhas na hora do chá, sobre o calor ou a chuva”.

A colunista lembra que, há dez anos, o âncora William Bonner comparou o telespectador médio do noticiário “Jornal Nacional” a Homer Simpson – incapaz de entender notícias complexas. E, pelo que viu atualmente, “esse padrão ainda se aplica”. Como prova, cita um segmento do jornal sobre a escassez de água em São Paulo e o destaque apresentado por um repórter, presente no jardim zoológico: “É possível ver a expressão preocupada do leão com a crise da água”.

E as novelas, que preenchem praticamente todo o horário noturno da Globo? “A partir delas se aprende que as mulheres sempre usam maquiagem pesada, brincos enormes, unhas esmaltadas, saias justas, salto alto e cabelo liso. As personagens femininas são boas ou más, mas unanimemente magras. E lutam umas com as outras pelos homens”. Com base nessas premissas, Vanessa acha que não é uma mulher…

Mais: “Duas das três novelas atuais falam sobre favelas, mas há pouca semelhança com a realidade. ‘A Regra do Jogo’ tem um personagem que, em um episódio, alegou ser um advogado de direitos humanos que trabalha para a Anistia Internacional visando contrabandear para dentro dos presídios materiais para fabricação de bombas. A organização de defesa se queixou publicamente disso, e acusou a Globo de tentar difamar os trabalhadores de direitos humanos por todo o Brasil”.

Vanessa concluiu que, “apesar do nível técnico elevado da produção, as novelas da Globo são dolorosas de assistir pela sua alta dose de preconceito, melodrama, diálogos ruins e clichês”.

Quer dizer: a olhos internacionais isentos e descompromissados, a poderosa “Venus Platinada” é uma farsa, que só o telespectador nacional, cativo e submisso, não enxerga.

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4 ideias sobre ““Como tias velhas na hora do chá…”

  1. Silvana Silva Reis

    Acho que a jornalista descobriu a América.
    Tudo isso que ela fala nós já sabíamos desde o final dos anos 60 até hoje.
    Basta ver quanto a Venus Prateada ganha de verba de comunicação do governo federal.
    Aqui na 5ª Provincia também acontece esse fato.
    Segundo dados dos nossos periódicos mais sérios, a Gazeta do Povo recebeu dos governos do PT mais de sessenta milhões de reais ( 60.000.000,00).
    Nota-se porque existe um ataque dessa empresa sobre alguns governantes locais.

  2. Franco

    É, tá bom, mas…

    1. A TV dos EUA não é lá essas coisas não. Até parece que no país da moça só os seriados “cabeça” fazem sucesso.. Há ha.. Lá nas terras do Tio Sam a velha fórmula “mundo cão” (sexo + violência + escândalo + fofoca ) sempre fez e sempre fará sucesso. Vai criticar o seu país, que é o inspirador de toda essa zorra para vender margarina…

    2. Dizer que 90 milhões assistem a Rede Bobo é ingênuo. Talvez somando todos os horários… Na verdade, conheço pouca gente que ainda assiste as novelinhas globais…

    3. Ela “Passou um dia inteiro assistindo a Globo” – ora, faça-me o favor… que amostragem ridícula.

    4. O que essa tia tem de “descompromissada e isenta” eu também tenho.
    5. A Globo tem uma b.. de programação porque é comercial e precisa audiência para vender espaço publicitário. Se a audiência se contenta com isso, eles sorriem. Se a audiência repudia, eles mudam (basta ver casos recentes de repulsa popular ao casal de idosas). Por isso tantos pênaltis pro Corinthians…

    6. Essa conversa de uma jornalista qualquer que desembarca aqui com ares de embaixadora da civilidade para criticar a nossa sociedade já encheu o saco e não cola. Ela só quer reforçar o estereótipo de que os USA são o número 1 do mundo em tudo, e que os demais países são bizarros e primitivos.
    Para eles, o Canadá é um país de bobões, o resto da América é composto de traficantes, indios e macacos, a Europa é um museu em decadência, a Rússia é um país de bêbados, a Africa é a África e os orientais são ETs.
    Essa tia fala, mas a visão de mundo dela é muito igual à do Homer Simpson.

  3. Sergio Silvestre

    Por isso que uma historia contada a dois seculos ferrou com o JN e as Novelas da Globo,é só começar de Genesis quando chegar em apocalipse a Record já quebrou a Globo o numero de salmos que tem a Biblia.

  4. TOLEDO

    Silvestre, será que essa Jornalista não quer ser coxinha na TVEJA no lugar daquela menina a Joice Haselmann, ou mesmo na Globo com o Jaburu, Mainardes e assemelhados.

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