8:23E…

Fernando Henrique Cardoso lança, no dia 29, o primeiro dos quatro volumes dos “Diários da Presidência”. Ganhou espaço total na chamada “grande imprensa” – é capa da revista Veja e hoje estará no programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Agora ele não quer que esqueçam o que escreveu, mesmo porque, se fizesse isso, não venderia nenhum exemplar da nova obra. Os diários pretendem revelar o lado de dentro do poder, mas para quem sofre do lado de fora com a atual crise no país, a pergunta que vem é uma só: tudo isso pra que?

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2 ideias sobre “E…

  1. carlos

    FHC, um político com prazo de validade vencido. Cometeu muitos erros, mas essa história do esquecimento dos seus escritos é só mais uma lenda urbana, repetida à exaustão como que por inércia.
    Por que? Para que? Sei lá, mas deve ser tipo a frase que o General De Gaulle nunca pronunciou e é sempre lembrada (sic).

    José Paulo Kupfer: Por que o senhor mandou esquecer tudo que o senhor tinha escrito?
    Fernando Henrique Cardoso: Essa frase eu nunca disse, perdão, essa frase eu nunca disse.
    José Paulo Kupfer: Então é um bom momento para [desmentir].
    Fernando Henrique Cardoso: Mas eu já disse um milhão de vezes que eu nunca disse isso. Já escrevi que eu nunca disse isso e desafio quem diga a quem eu disse isso, quando e como. Nunca disse, isso é um absurdo.
    Heródoto Barbeiro: Mas, senador, é bom o senhor repetir porque tem perguntas nesse sentido. O senhor Luis Carlos Simões, do Itaim, fez exatamente essa pergunta. Foi até bom o senhor repetir para que as pessoas…
    Fernando Henrique Cardoso: Então eu repito: esta frase: “Esqueçam tudo o que eu escrevi” é simplesmente… isso é o papel da infâmia na política, é uma infâmia. A quem eu disse isso? Quando? Já perguntei sempre: em que circunstâncias? Nunca disse, nunca disse, [mas] repetem, repetem. Aí é a técnica do [líder nazista Joseph] Goebbels [1897-1945]: repete, repete até parecer que é verdade.
    Clóvis Rossi: A Folha de S.Paulo disse que o senhor teria dito isso…
    Fernando Henrique Cardoso: Teria, olha o “teria”. Onde, para quem? Quando?
    Clóvis Rossi: Não sei se eu trouxe aqui, vou ver se eu acho aqui.
    Fernando Henrique Cardoso: Não vai achar nunca, eu já disse isso a eles um milhão de vezes.
    Clóvis Rossi: Está aqui: “Ao sair de um almoço com empresários do restaurante Rubayat, em São Paulo, dia 5 julho de 1993”.
    Fernando Henrique Cardoso: Eu que disse a ele, eu que disse ao menino essa coisa. Eu contei de onde é que poderia sair de alguém que não assistiu… Eu disse outra coisa, eu já expliquei isso um milhão de vezes, mas é a mesma história: quando a gente julga dogmaticamente as coisas, não têm solução. Vão repetir sempre isso.
    José Paulo Kupfer: O que o senhor disse, afinal?
    Fernando Henrique Cardoso: O que eu disse foi o seguinte, se é que eu me lembro, se é que se refere a isso. Eu estava tentando explicar ao rapaz de onde é que alguém poderia ter tirado isso. Eu disse: eu estava em uma reunião, logo que fui nomeado ministro da Fazenda, eu creio… da Gazeta Mercantil, estava presente o [jurista] Celso Lafer, que, como eu, é intelectual e escreveu livros. Alguém perguntou alguma coisa e eu disse ao Celso: “Olha, Celso, a gente escreveu tanta coisa, então é cobrado sempre pelo que escreveu”. Essa foi a frase. Daí saiu uma versão de terceira mão, e agora a imprensa, me desculpe, tem o hábito de botar entre aspas, [e] ouviram de mim. Aspas, a gente põe quando cita por escrito. Não ouviram, [mas a imprensa] põe aspas. E você vai fazer o quê? Nada.

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    “Esqueçam o que eu disse; esqueçam o que eu escrevi” – supostamente justificando a diferença entre seu discurso no passado e seu governo.

    – Esta frase tem origem duvidosa. Numa entrevista FHC questionou a origem da frase.
    -“(…) «Esta frase que eu teria dito: “Esqueçam tudo que eu escrevi”, eu nunca disse a ninguém. Já perguntei um milhão de vezes: a quem eu disse, onde foi que eu disse, quando? Essa é uma frase montada para me embaraçar. Acontece exatamente o contrário: o que eu escrevi dentro das condições da época, tem bastante validade. Houve uma evolução, em alguns pontos, mas a maneira básica de encarar o mundo continua a mesma.» (…)

    Entrevista concedida pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, ao jornal O Globo do dia 24/8/1997. Rio de Janeiro, RJ – 24/8/1997″

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