22:07Mais um recado de general

Da Folha.com General critica políticos em palestra e pede ‘despertar para a luta patriótica’

O general Antonio Hamilton Martins Mourão, que comanda o Exército na região Sul do país, fez críticas à classe política em uma palestra recente e disse que a eventual substituição da presidente da República não altera de fato o “status quo”.

“A maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões que levam os eleitores a achar que aquelas são as reais necessidades da sociedade”, afirma um dos slides da palestra do militar.

A conferência foi realizada no último dia 17 de setembro no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) de Porto Alegre. Partes dela foram inicialmente descritas pelo jornalista Tulio Milman, colunista do jornal “Zero Hora”.

Folha teve acesso a fotografias que mostram Mourão realizando uma apresentação em slides. Em um deles, já nas considerações finais, o general afirma que “mudar é preciso”.

“Neste momento de crise, toda consciência autônoma, livre e de bons costumes precisa despertar para a luta patriótica, contribuindo para o retorno da autoestima nacional, do orgulho de ser brasileiro e da esperança no futuro”, afirma o texto.

A apresentação do general Mourão afirma que “a mera substituição da PR [presidente da República] não trará uma mudança significativa no ‘status quo'”, acrescentando em seguida que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”.

O slide em questão é concluído com a frase “É nosso dever esclarecer a opinião pública, notadamente a juventude”.

Em um outro slide, o militar enumera quatro “cenários”, que são “sobrevida”, “queda controlada”, “renovação” e caos”.

O Comando Militar do Sul, liderado pelo general Antonio Mourão, reúne Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Sob o comando do general, está o maior efetivo do país –48 mil dos 217 mil militares do Exército brasileiro.

ANÁLISE DE CONJUNTURA

À Folha, o general confirmou a realização da palestra, mas se negou a fazer comentários. “Não estou autorizado a fazer nenhuma declaração sobre o assunto”, disse.

“Prefiro não comentar, porque aquilo era destinado a um determinado público e não era algo para ser divulgado. Era uma coisa fechada e não para se tornar uma coisa política. Era simplesmente uma análise de conjuntura que a gente faz, nada mais do que isso”, afirmou.

A assessoria do Comando Militar do Sul disse não possuir a íntegra da palestra de Mourão.

Questionado sobre a apresentação do general, o Centro de Comunicação Social do Exército, em Brasília, não respondeu até a publicação da reportagem.

COMANDANTE

No último dia 9 de outubro, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse em videoconferência para oficiais temporários da reservaver risco de a atual crise virar uma “crise social” que afetaria a estabilidade do país, o que, segundo ele, diria respeito às Forças Armadas.

“Estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade”, afirmou.

O militar prosseguiu: “E aí, nesse contexto, nós nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito diretamente”.

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4 ideias sobre “Mais um recado de general

  1. Sergio Silvestre

    Segundo noticias de hoje o Cunha levou na mão grande mais de 400 milhões,imaginem,um só deputado levou tudo isso,imaginem quanto levam os mais de 500.
    Não adianta o Pais recolher mais de 2 trilhões de impostos e ficar o povo sem o minimo de contra partida do governo,eles moem tudo e isso precisa acabar.
    Os militares uma hora vão dizer,só vocês,nós também queremos e com nós não precisa de Impeachment não,basta uns tanques que todos se borram.
    Sabe que eu tenho um ladinho do cérebro que nutre um golpe nesses infelizes que roubam bilhões,se os militares repatriarem tudo que eles roubaram,esse Pais vira potencia.

  2. leandro

    Não vale agora elogiar nem mudar a opinião que uns dias atrás tinha.
    Tem gente que é só falar na ação militar se borra de medo.
    Claro que ninguém deseja a quebra desse contrato com a democracia, mas, a coisa chegou num ponto que cabe uma revisão contratual, pois um dos signatários do mesmo contrato está exorbitando em aplicas as cláusulas e no caso este é o próprio contratado, o governo que não responde com as ações prescritas no instrumento contratual, não faz a sua parte e quando se fala em governo se diz os 3 poderes, com algumas exceções no judiciário.
    O executivo a quem cabe a missão de e fazer acontecer deixou de lado várias cláuslas desse contrato com o povo e até passou a cobrar mais que mercê em receber pelos serviços, e assim um vários dos gerentes se apropriam dos fundos dessa grande empresa que é o Brasil.
    O pios de tudo e onde entram os militares é na relação promiscua em ter setores governamentais com segmentos chamados de “sociais” onde a baderna e a subversão à ordem permeia confundindo a população de bem com seus atos como se fossem somente de reinvindicação social.
    Outro ponto que está evidente são as ações de parte de alguns de total namoro com organizações que chamam de “progressistas” ou oportunistas que muitas se aproveitam do povo para conseguirem seus intentos, fato este evidente com o tal NST , principalmente q1uando é chamado de “exercito” pelo próprio ex- presidente e tem assim um general totalmente ostensivo.
    Então para aqueles que estão se locupletando com essas ações, já é um segundo recado e vistam logo a carapuça para evitarem que alguém os façam colocarem obrigatoriamente.

  3. ferreira

    Quando o exército entender que o país esteja vivenciando uma grande crise política e civil. estaremos cada vez mais perto de termos uma Lei Marcial e os militares assumirem o poder, então, toda a sociedade passará a responder pelas leis militarizadas baseadas no poder das forças armadas.

  4. jota

    Gostaria de saber qual a resposta e opinião da Presidenta Dilma e do Presidente do PT e do Lula sobre as manifestações dos Generais, afinal eles deram um recado bem dado.
    Provavelmente alguns desses dirão que não sabem de nada e que estavam viajando dando consultorias e nem viram nada.

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