7:45O buraco dos Estados

Do editorial da edição de hoje da Folha de S.Paulo

São muitas as adversidades, mas nada justifica que governantes, seguindo o mau exemplo da presidente Dilma Rousseff (PT), enviem para apreciação do Legislativo propostas orçamentárias com deficit. O Executivo não pode transferir aos deputados uma tarefa que é obviamente sua.

Os rombos previstos por apenas dois Estados, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, montam a R$ 13,5 bilhões, quase a metade do estimado em proposta enviada pelo Planalto ao Congresso em agosto e que desencadeou o rebaixamento da nota de crédito do país.

Outras unidades federativas tentam preservar a imagem de equilíbrio –somente a imagem, pois lançam mão de projeções tão otimistas quanto irreais.

Segue a íntegra do texto:

Muito se fala do governo federal quando se trata de debater a situação calamitosa dos cofres públicos, mas não convém esquecer que Estados e municípios também enfrentam sérios problemas para fechar seus balanços. A maior parte deles, aliás, apresentará resultado negativo neste ano e em 2016.

O problema é grave. Com o desarranjo nas três esferas de governo, torna-se mais difícil recuperar a credibilidade das contas públicas. Isso porque as finanças de todos os entes da Federação são consideradas no cálculo de superavit primário (saldo de receitas e despesas antes do pagamento de juros), cuja meta para este ano se mantém em inverossímil 0,15% do PIB.

Como os números da arrecadação têm mostrado, a retração da economia e das transferências federais provoca queda nas receitas, mas não há nada que faça cessar o crescimento das despesas. Elas se expandem devido a compromissos assumidos em 2014 –um ano eleitoral–, sobretudo reajustes para o funcionalismo.

São muitas as adversidades, mas nada justifica que governantes, seguindo o mau exemplo da presidente Dilma Rousseff (PT), enviem para apreciação do Legislativo propostas orçamentárias com deficit. O Executivo não pode transferir aos deputados uma tarefa que é obviamente sua.

Os rombos previstos por apenas dois Estados, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, montam a R$ 13,5 bilhões, quase a metade do estimado em proposta enviada pelo Planalto ao Congresso em agosto e que desencadeou o rebaixamento da nota de crédito do país.

Outras unidades federativas tentam preservar a imagem de equilíbrio –somente a imagem, pois lançam mão de projeções tão otimistas quanto irreais.

No fundo, as agruras contábeis do setor público têm a mesma explicação. Nos anos mais endinheirados, grassa o populismo perdulário: contratam-se funcionários, aumentam-se salários, dilatam-se despesas indiscriminadamente.

Quando o cenário muda, caem as receitas, mas é muito difícil cortar gastos. As vítimas acabam sendo os serviços essenciais para a população. De outro lado, preservam-se os desembolsos com uma estrutura inchada e muito bem defendida por grupos de interesse.

O país passa por grandes dificuldades, e o setor privado tem sido obrigado a apertar o cinto.

Neste momento, o ideal é que o Estado possa atuar como fator de estabilização, mantendo dispêndios para o atendimento da população como um todo, mas sem perder de vista a prudência orçamentária. Infelizmente, a rigidez da folha de pagamento é um grande impeditivo para isso.

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2 ideias sobre “O buraco dos Estados

  1. Clint Eastwood

    Mas se esta é a nossa realidade o que fazer então? O que estes governos estão fazendo é mostrar a quantas andam as finanças dos Estados, nada além disto. Se o Desgoverno da Mulher Sapiens podem mandar um orçamento com déficit para apreciação e, aprovação do Congresso, porque os governadores não podem fazer o mesmo? Agora os chefes do Executivo atribuíram aos deputados estaduais, federais e senadores uma nova função, a de “tapadores dos rombos orçamentários”. Ou a de “buscadores de soluções”.

  2. Sergio Silvestre

    A herança no RS foi dos petistas anteriores a esse governo e a de Minas foi durante esse governo petista,estou certo ou errado,ou a VEJA me desmente.

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