21:35Sem hesitar

por Ticiana Vasconcelos Silva

Ela caminha com confiança intrépida e observa as nuances das paragens que passam como se não a detivessem.

A dor sempre foi seu refúgio,  sua ligação direta com Deus.

O Universo sempre indicou a direção, mas ela escolheu ser livre.

Passo a passo, caminha até a última estação de onde partem os trens para o infinito.

Sim. Ela olha para trás e honra cada olhar, cada toque, cada inspiração e exalação, cada gota de silêncio que a preencheu.

Em sua memória ressoam as imagens caleidoscópicas dos invernos, verões,  primaveras e outonos, sua estação preferida. A dos verdadeiros poetas.

Sua pele é a marca do destino que não se cumpriu e de seus questionamentos sem respostas.

“Mas para quê tanta profundidade?” Para abrir no peito a cicatriz que a aprisionou na ilusão.

Dentro dela moram os anjos e os demônios que a tornam volátil à vida. Dentro dela moram os sussuros dos mudos.

Ela vai e finalmente coloca o ponto final. O próximo capítulo é apenas o espectro de sua consciência, alinhada a seus ancestrais, a quem ela ouve e segue.

Ela não hesita. Para, sorri e diz adeus.

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