7:21A moralidade no Planalto Central

por Claudio Henrique de Castro

1. O que é moralidade administrativa?

A moralidade, ou probidade administrativa, traduz-se pelo dever dos administradores públicos de fazer cumprir as leis – e delas se irradiam efeitos na vida privada e pessoal desses gestores. No plano coletivo, garante-se à população a vigília das condutas dos gestores da coisa pública para o bem comum e o cumprimento da Constituição e das leis.

Com efeito, há um dever de honestidade e integridade dos gestores públicos que vai além do mero cumprimento das leis. Em síntese: não basta cumprir as leis, mas é necessário respeitar a moralidade coletiva.

É do jurista Paulo a citação no Digesto (D. 50.17.144) na qual afirma que nem tudo que é legalmente possível é moralmente honesto.

Em resumo, as brechas da lei podem ser imorais.

2. O que se pode fazer a respeito?

Sob o ponto de vista legal, a moral coletiva se dá também na escolha de candidatos nas eleições. Assim, o voto elege pessoas às casas legislativas e à chefia dos poderes executivos, nos municípios, nos estados e na União.

A legislação é farta na proteção da moralidade administrativa e possui acento constitucional (art. 37) e em diversas leis, tais como a da lavagem de dinheiro, a da lei da ficha limpa, da improbidade administrativa, do impeachment e tantas outras.

Dir-se-ia: “Muitas leis, pouco direito”… Pois quando há muitas previsões legais a respeito de determinado tema, isto significa que ele é constantemente descumprido. É o caso da moralidade administrativa no estado brasileiro.

3. Quem julga os julgadores?

O juízo político de afastamento é essencialmente dos integrantes das casas legislativas e do poder executivo. Assim, acontece por decisão dos próprios políticos da Câmara dos deputados e do Senado federal.

No atual momento político pairam suspeitas e se tem fortes indícios sobre todas as cabeças que mandam em Brasília – tanto dos chefes dos poderes, nos partidos políticos de maior legenda e seus empresários financiadores, nas denúncias em estatais, em candidatos derrotados, em vices do executivo e até nos futuros candidatos.

O parlamentarismo “à brasileira” esvazia os poderes da Presidência da República e transforma a presidenta numa espécie de “rainha da Inglaterra”, que reina e não governa, fortalece os “primeiros ministros” das chefias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, que nomeiam apaniguados para os ministérios, que por sua vez distribuem fartos recursos federais à base aliada, ou nem tanto assim, e às suas bases eleitorais.

É a maior expressão do “toma-lá-da-cá” daquele pequeno trecho da famosa oração de São Francisco que diz que “é dando que se recebe”.

4. Conclusões;

Parodiando o ilustre escritor Carlos Drummond de Andrade em seu poema Quadrilha, título muito apropriado para o momento histórico que passamos: “João corrompia Maria que votava em Raimundo que ganhava um cargo de Maria que nomeava Joaquim que recebia do povo que não ganhava de ninguém. João foi para a Itália, Teresa para o Ministério, Raimundo morreu num desastre de avião, Maria ficou sem cargo, Joaquim renunciou para não ficar inelegível e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história”.

Machado de Assis tem uma frase lapidar que explica tudo isto: “Uma coisa é citar versos, outra é crer neles.”

Afinal, onde estão e para onde vão os interesses do povo brasileiro?

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Uma ideia sobre “A moralidade no Planalto Central

  1. Sergio Silvestre

    Simples compreender o que está acontecendo no Brasil e com a presidente Dilma,vamos seguir o exemplo de um time de futebol,o capitão do time foi substituído,o goleiro que dormem juntos no mesmo quarto não gostou que falou para seu companheiro de videos games que vai fazer corpo mole em protesto.
    O capitão indignado com o técnico,se reúne com os jogadores no bar do mineiro e tramam a queda do técnico fazendo o time perder seguidamente.
    Eles jogam o mau desempenho para a torcida e está vai na frente da sede fazer protestos,inclusive bater panelas.
    Ai se acostumam com o método e a cada 1 mês o técnico é trocado e só depois de estarem rebaixados vão ver a cagada que fizeram.
    QUALQUER SEMELHANÇA É MERA COINCIDÊNCIA.

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