20:14HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Não quero pensar em morte. Não quero pensar em morte. Por que ela vem, então? Me pega assim, de surpres -, e exatamente quando estou vivendo a parte boa da coisa toda, ou seja, flutuando, produzindo, sorrindo, sentindo – olha que chuvinha boa que refresca tudo e faz o todas as plantas sorrirem! Parece até propaganda que a gente vê, mas ao contrário da proposta de vender. Alguém estupidamente despedaçado num acidente, ou então um assalto com tiro covarde… Deus! Por que isso chega sem permissão, para que se reforce a ideia do quanto somos todos vulneráveis nesse intervalo entre o nascer e o… Não, não quero mais pensar nos outros, nos meus, nos conhecidos. Se pelo menos o pensamento fosse comigo, pelo acho que sentiria medo (ou não) – e passaria logo. Quem? Estão me chamando ao telefone? Não quero atender. Como? É de um programa de rádio que pode me dar um disco? Atendo. Tenho de responder com quantos paus se faz uma jangada. Não sei, mas lembro da história do filme inacabado do Orson Welles no Brasil. O locutor gosta do papo. Pede para eu passar no estúdio. O disco é a trilha de “A morte pede carona”.

 

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