19:54HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Capricórnio

Todos seguíamos aquele vestido que descia até os sapatos e era florido, sempre. Havia o coque bem posicionado na nuca – e os fios de cabelo branco e cinza. Ela era grande e, nós todos, netos dela e vizinhos, crianças ainda descobrindo os mistérios do mundo. O que ela nos apresentava todo domingo à tarde era mágico. Nunca soubemos se trouxe aquela paixão do estrangeiro, mas provavelmente sim, pois imigrou da Iugoslávia no tempo da guerra e criou sozinha dos filhos, pois o marido morreu cedo. No cinema do bairro, o pulgueiro enorme de cadeiras de madeira e tela gigante, ficávamos sentadinhos ao seu lado. E quando olhávamos para o rosto de poucas rugas iluminado pela luz que vinha lá da frente, a imagem era sempre de felicidade pura, de encantamento – e foi ela que ficou para sempre, muito mais do que as histórias que assistimos. Maria nos abriu as portas do cinema e da vida real, onde ela foi a grande protagonista.

 

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